Apesar de fazer parte de Hollywood há mais de 20 anos, o carioca Carlos Saldanha jamais deixou suas raízes brasileiras para trás. Aliás, mesmo distante, o bem-sucedido cineasta de Rio e da franquia A Era do Gelo acompanha o desenvolvimento do cinema animado nacional, um meio que, em sua opinião, precisa investir na tecnologia 3D para se tornar uma indústria:
"Esperamos que, no futuro, a animação comece a ser mais industrial. Além da publicidade, já há muita animação na publicidade. Queremos que, no âmbito do cinema, a animação se torne mais forte, talvez usando mais o 3D. No ano passado tivemos o Lino - Uma Aventura de Sete Vidas, que foi um filme em 3D, e a gente espera encontrar mais produções assim aqui", declarou o cineasta, em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, concedida durante o Anima Mundi 2018.
De fato, a animação brasileira cresceu muito nos últimos anos, mas as produções do tipo seguem restritas a um nível de maior autoralidade, como o premiado O Menino e o Mundo, indicado ao Oscar e vencedor de Annecy, e o recente Tito e os Pássaros. Para Saldanha, portanto, a ideia é buscar atingir um patamar de excelência ao fomentar as duas correntes cinematográficas: tanto as animações de autor, independentes; quanto as produções voltadas para o grande público, com uma mentalidade mais comercial como as que o diretor realiza nos Estados Unidos na Blue Sky Studios.
Saldanha lançou seu mais recente filme, O Touro Ferdinando, no início deste ano, obra pela qual foi novamente indicado ao Oscar. Agora, ademais de seus inúmeros projetos pendentes, o diretor brasileiro se prepara para fazer a transição para o live-action com a série Cidades Invisíveis, da Netflix. A obra, estrelada por Marco Pigossi (O Nome da Morte), ainda não tem previsão de estreia.