Um dos maiores prazeres do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo é encontrar tantas propostas ousadas e diferentes de cinema, que vão do documentário poético Nelson Felix à fábula social Tigre, passando pelo faroeste crítico Os Fracos, além de filmes nacionais que, independentemente de obterem sucesso ou não, buscam formas extremas de fazer arte, a exemplo de Como Fotografei os Yanomami e Astracã.
Fôlego constitui um destes esforços em busca de um cinema autoral de baixo orçamento, conectado às sensibilidades contemporâneas. O diretor Renato Sircilli combina a representação fictícia da vida do ator Bruno Moreno com relatos reais de sua infância, enquanto busca na música pop, na dança contemporânea, nas artes plásticas e nas redes sociais as suas referências imagéticas.
Em outras palavras, esta é uma obra metalinguística, um filme sobre o ato de fazer um filme, com resultados bastante intrigantes. Nem sempre os elementos funcionam à perfeição, porém indicam um cineasta dotado de personalidade forte e talento para a construção de imagens.
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Depois de tantos projetos alternativos ao circuito comercial, foi uma surpresa assistir ao chileno Meninas Aranha, dirigido por Guillermo Helo. Esta grande produção, com gruas, efeitos visuais complexos e dezenas de cenários destoa da proposta do Festival Latino-Americano como um todo. O roteiro se baseia história real de três pré-adolescentes que se tornaram famosas nos noticiários por escalarem prédios de luxo na intenção de roubar roubas e acessórios dos apartamentos.
Apesar do ponto de partida inesperado, o resultado é uma aventura adolescente com pouca vocação a leituras políticas ou sociais. A visão determinista sobre os moradores de comunidades pobres - sugerindo que todo habitante de favelas se torna ladrão - é particularmente incômoda.
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