O 1º Festival Internacional de Mulheres no Cinema está chegando ao seu fim em São Paulo e trouxe, através de 28 filmes, uma gama de temas muito diversificada. Dramas familiares e pessoais, desafios, preconceitos, lutas internas e outras em prol da liberdade de expressão foram os maiores destaques dentre os filmes exibidos.
A existência de um festival como o FIM representa uma força que precisa ser continuamente estimulada. Somente nesta edição, a iniciativa já deu espaço para diretoras como Léonor Serraille (Jovem Mulher), Letícia Simões (O Chalé É uma Ilha Batida de Vento e Chuva), Sinai Sganzerla (O Desmonte do Monte), Lívia Perez (Lampião da Esquina), Elisa Bracher (Que Língua Você Fala) e Juliana Antunes (Baronesa), cujos filmes retornaram ou foram exibidos pela primeira vez nos cinemas.
O que mais se destacou na curadoria de filmes da 1ª edição do FIM foi a ligação que vários longas possuem entre si. Meu Corpo, Minha Vida e Mataram Nossos Filhos falam sobre como problemas políticos afetam a sociedade de forma extremamente negativa. Meu Corpo é Político e Era o Hotel Cambridge possuem semelhanças ao levantarem questões como a importância da igualdade através de seus personagens.
Tal diálogo entre filmes se estende a temas como a radicalização do machismo em nossa sociedade, que são abordados de forma excelente em Chega de Fiu Fiu e Um Casamento. Mesmo com décadas de diferença nas duas histórias abordadas, é possível estabelecer uma forte conexão.
Os filmes Pastor Cláudio, Lampião da Esquina e O Desmonte do Monte andam de mãos dadas com suas temáticas, que passeiam pela história do Brasil em diversos sentidos - desde a defesa da liberdade de expressão até a revisita a um passado militar que ainda não encontrou sua plena justiça.
Amor Maldito (1984) e Xica da Silva (1976), ambos nacionais, são os únicos clássicos escolhidos para serem revisitados. O primeiro, dirigido por Adélia Sampaio (1ª diretora negra brasileira), e o segundo, dirigido por Carlos Diegues e protagonizado por Zezé Motta, são importantes lembretes de que o desequilíbrio na igualdade entre negros e brancos, embora esteja melhorando aos poucos, ainda existe e não deve ser esquecido.
O grito de diversas minorias torna-se pulsante ao adentrarmos a programação do FIM 2018. A boa notícia é que essa minoria está sendo cada vez mais ouvida, e as salas de cinema se provam, mais uma vez, como um dos locais mais propícios para o início de debates e reflexões sobre o coletivo.
Confira as críticas do AdoroCinema dos filmes apresentados no FIM 2018:
Baronesa
Chega de Fiu Fiu
Era o Hotel Cambridge
Jovem Mulher
Lampião da Esquina
O Desmonte do Monte
Pastor Cláudio
Um Casamento