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    Emmanuelle Seigner, esposa de Roman Polanski, rejeita convite da Academia e se diz ofendida com "hipocrisia"

    Cineasta franco-polonês foi excluído da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por conta de condenação por estupro na década de 1970.

    Vittorio Zunino Celotto/Getty Images

    Emmanuelle Seigner recebeu um dos 928 convites para integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em 2018 — e se sentiu ultrajada. A atriz francesa manifestou repúdio por ter recebido uma solicitação para integrar a instituição em uma carta aberta publicada no jornal francês Le Journal du Dimanche. O motivo da revolta da atriz foi a expulsão do cineasta franco-polonês Roman Polanski, vencedor do Oscar por O Pianista.

    O diretor foi condenado por estupro na década de 1970 e sua expulsão está relacionada ao novo padrão de conduta do orgão que realiza a premiação mais famosa do cinema mundial. Seigner e Polanski são casados há quase três décadas. Os dois se conheceram durante as filmagens de Busca Frenética e já trabalharam em outros quatro filmes juntos, sendo Baseado em Fatos Reais, de 2017, o mais recente.

    "Como eu poderia ignorar o fato de que há algumas semanas a Academia expulsou meu marido, Roman Polanski, numa tentativa em uma tentativa de apaziguar o zeitgeist", disse a atriz, em alusão ao movimento #MeToo que derrubou figuras como o outrora poderoso, hoje infame, produtor Harvey Weinstein. "A mesma Academia que em 2002 premiou ele [Polanski] com um Oscar por O Pianista! Que curioso caso de amnésia. A Academia acha que eu sou uma atriz fraca, uma alpinista social que iria esquecer que foi casada pelos últimos 29 anos com um dos maiores diretores do mundo. Eu o amo, ele é o meu esposo e pai dos meus filhos", escreveu Seigner. "Ele foi jogado de lado como um pária. Ainda assim, esses mesmos membros da Academia acham que eu deveria 'escalar os passos da glória' nas costas dele? Ah, a insuportável hipocrisia! Este convite é um insulto para muitas pessoas. Eu não posso mais ficar em silêncio. Vocês me ofenderam enquanto afirmam querer proteger as mulheres", diz a carta aberta.

    Andreas Rentz/Getty Images

    No texto, a atriz francesa diz que, em sua análise, seu marido sofre uma perseguição e sugere que ele já teria cumprido a pena pelo estupro de uma adolescente cometido há mais de 40 anos. No ano de 1977, Polanski foi preso e condenado por ter estuprado Samantha Geimer, uma menina de 13 anos na época do crime, ocorrido em Los Angeles. Depois de ter entrado em um acordo com o advogado da vítima, o diretor assumiu a culpa por abusar sexualmente de uma pessoa menor de 18 anos e a defesa desistiu de outras cinco alegações contra o realizador, que deveria ter cumprido uma curta pena nos Estados Unidos, mas fugiu para a França depois de passar poucos dias na cadeia. Polanski é considerado foragido e o caso não foi encerrado pelas autoridades americanas.

    "É claro que artistas não estão livres da justiça. Mas essa justiça deveria ser a mesma que existe para todos, não uma justiça que volta atrás em suas palavras e viola seus próprios princípios. Foi isso que aconteceu em Los Angeles em 1977, quando seu primeiro confinamento deveria ter sido sua punição. Hoje, Roman sofre mais do que uma pena capital pela ofensa que cometeu", considera Seigner.

    Depois de ser expulso da Academia no mesmo dia em que Bill Cosby, condenado por drogar e estuprar uma mulher após mais de 50 mulheres acusarem o ator e comediante de abusos, Polanski afirmou que iria recorrer da decisão da instituição hollywoodiana. O cineasta condenado por pedofilia também classificou o movimento #MeToo como uma "histeria coletiva do tipo que vez ou outra acontece na sociedade".

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