Conhecido por suas narrativas complexas, intrincadas e frequentemente surpreendentes - os fãs de Twin Peaks que o digam -, David Lynch é um dos mais peculiares diretores e roteiristas da história do cinema e das telinhas. E o realizador, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, provou que pretende se manter na contramão das expectativas - seja na arte ou na política:
"Não sou uma pessoa política, mas realmente gosto da liberdade de poder fazer o que você quer [...] Donald Trump pode acabar se tornando um dos maiores presidentes da história porque ele perturbou tanto as coisas. Ninguém consegue contra-atacar esse cara de uma forma inteligente. Nossos chamados líderes não conseguem levar o país para frente, não conseguem concretizar nada. Como crianças, eles são. E Trump escancarou tudo isso", disse Lynch, que declarou apoio ao senador democrata Bernie Sanders na eleição presidencial de 2016, ultimamente vencida pelo ex-apresentador de reality shows.
Esta não é a primeira vez que Lynch muda de lado politicamente falando. Além de ter votado no libertário Gary Johnson há dois anos - apesar do apoio manifesto a Sanders à época e de agora ir de encontro às avaliações negativas da administração Trump -, o realizador dos icônicos Veludo Azul e Cidade dos Sonhos declarou simpatizar com a política de Ronald Reagan nos anos 1980 e, décadas depois, viria a votar em Barack Obama, político que ocupa um espectro completamente distinto ao do ex-ator de faroestes.
Mas o que importa mesmo, de uma forma ou de outra, é que a temporada mais recente de Twin Peaks parece ter resgatado o cineasta de seu hiato criativo - e com Lynch de volta, seja nas telonas ou nas telinhas, quem ganha é o público.