
O fim de uma era: John Lasseter deixará a Pixar e a Disney após décadas de influência nas companhias. O desligamento do diretor, produtor, roteirista e animador já tem data marcada para acontecer. Lasseter, atualmente creditado como produtor exexcutivo dos ainda inéditos Toy Story 4 e Wi-Fi Ralph, só terá um cargo na empresa que pertence à Disney até o dia 31 de dezembro deste ano.
No maremoto de denúncias impulsionadas pela queda do infame produtor Harvey Weinstein e pela força dos movimentos #MeToo e Time's Up, Lasseter, diretor criativo da Pixar Animation Studios e da Walt Disney Animation Studios, foi acusado em novembro de 2017 de ter um comportamento errático nos escritórios da Pixar. Alegou-se que o produtor cometou "avanços indesejados" em colegas de trabalho, incluindo "pegar, beijar e fazer comentários sobre os atributos físicos das pessoas". À época, houve quem achasse que a saída de Rashida Jones e de Will McCormack do time criativo de Toy Story 4 tivesse alguma relação com a conduta de Lasseter, o que posteriormente não se confirmou.
Com a saída de Lasseter, o The Hollywood Reporter informa que Pete Docter, diretor de Monstros S.A., Up: Altas Aventuras e Divertida Mente, e Jennifer Lee, codiretora de Frozen: Uma Aventura Congelante, terão mais tarefas executivas e/ou criativas na Disney e na Pixar.
"Os últimos seis meses me deram a oportunidade de refletir sobre minha vida, carreira e prioridades pessoais", escreveu o diretor em uma nota de despedida. "Enquanto eu continuo minha dedicação à arte da animação inspirado pelo talento criativo da Pixar e Disney, eu decidi que o final deste ano é o tempo certo para começar a focar em novos desafios criativos. Eu estou extremamente orgulhoso pelo que os dois estúdios de animação mais prolíficos e importantes conquistaram debaixo da minha liderança e eu sou grato por todas as oportunidades que tive para seguir minha paixão na Disney", concluiu, em um texto que não faz alusão aos casos de assédio.

Em novembro do ano passado, o produtor assumiu erros em um texto divulgado para a imprensa antes do executivo ser afastado da Disney e Pixar por seis meses. "Recentemente, tenho recebido conversas que tem sido muito difíceis para mim. Nunca é fácil encarar seus deslizes, mas é o único modo de aprender a partir deles", disse na ocasião. Seu comunicado contou também com um pedido de desculpas: "Essa nunca foi minha intenção. Coletivamente, vocês são o meu mundo, e eu me desculpo profundamente se os decepcionei".
Lasseter começou a trabalhar na Disney no final da década de 1970, mas foi demitido da companhia ao se mostrar um entusiasta das técnicas de animação computadorizada, o que o estúdio não via com bons olhos no passado. Depois disso, o animador foi contratado para desenvolver seus projetos na divisão de computação gráfica da Lucasfilm. A grande virada em sua carreira veio quando Steve Jobs comprou a empresa de animação de George Lucas em 1986 e começou a Pixar. Lasseter foi diretor dos três primeiros filmes do estúdio, Toy Story (1995), Vida de Inseto (1998) e Toy Story 2 (1999). Em 2006, Lassater retorna para a Disney, onde assinou a produção executiva de projetos que atualizaram a Walt Disney Animation Studios no século XXI, como Enrolados (2010), Frozen: Uma Aventura Congelante (2013) e Viva: A Vida é uma Festa (2017).