Cartas revelam "frustrações" de Alan Rickman ao interpretar Snape em Harry Potter

A franquia Harry Potter não seria a mesma sem a presença de Alan Rickman. O ator britânico que morreu eu 2016 teve uma prolífica carreira no cinema, teatro e TV e foi na saga de filmes baseada na obra magna de J. K. Rowling que viveu o personagem mais popular de seu currículo: Severo Snape.

O personagem é de fundamental importância no cânone literário da franquia Harry Potter e Rickman se preocupava em vê-lo ganhar as telas da cinessérie da forma mais adequada possível. Como mostram cartas pessoais do ator, Rickman chegou a se sentir "frustrado" com a maneira como seu papel foi explorado em alguns longas-metragens da saga.

David Heyman, produtor que escalou Rickman para o papel de Snape, abordou o assunto em uma carta privada que ganhou a luz do dia ao ser leiloada junto com outros textos pessoais do arquivo de Rickman em uma feira dedicada a livros raros em Londres. A venda foi organizada pelo ator Neil Pearson, que administra parte do acervo do falecido ator.

"Obrigado por ter feito de HP 2 [Harry Potter e a Câmara Secreta, lançado em 2002] um sucesso", escreveu Heyman. "Eu sei que, às vezes, você se sente frustrado, mas por favor saiba que você é parte integral desses filmes. E que você é brilhante."

Outra nota, escrita pelo próprio Rickman durante o processo de gravação de Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009), indica que o ator teve mais um momento de insatisfação com os rumos de seu personagem na franquia. Em um texto sobre "entrar na mente do Snape", Rickman escreveu: "É como se David Yates [diretor do filme] tenha decidido que isso [o Snape] não seja interessante diante das circunstâncias, ou seja, não tem apelo entre o público adolescente."

O arquivo completo de cartas de Rickman foi avaliado em £ 950 mil (equivalente a R$ 4,681 milhões). O acervo inclui correspondências com o Príncipe Charles, o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e com a própria J.K. Rowling, que agradeceu a Rickman por "ter feito justiça ao meu personagem mais complexo". O acervo também conta com a cópia de Rickman para do roteiro do primeiro filme de sua carreira, Duro de Matar (1988), no qual o ator viveu o terrorista Hans Gruber. São mais de 35 caixas de cartas, roteiros e anotações que pertenciam ao artista.