Depois de ter sido banido do festival de Cannes em 2011, o cineasta Lars von Trier (Dogville) retornou à Croisette neste ano, com The House that Jack Built. Fora de competição, é verdade, mas ainda assim um regresso à casa, onde disputou o prêmio máximo, a Palma de Ouro, nove vezes - levando em 2000 por Dançando no Escuro.
Desde de que disse que "entendia Hitler", como o diretor dinamarquês seria recebido era uma incógnita: desfeita depois de cerca de seis minutos ininterruptos de aplausos no Tapete Vermelho antes da sessão de gala da première; ressignificada ao final da projeção que contabilizou mais de uma centena de espectadores que abandonaram a sala.
"Eu gostaria que 200 pessoas tivessem ido [embora], em vez de 100. E que todas elas vomitassem ao mesmo tempo!", disse um contrastantemente frágil von Trier, em entrevista ao AdoroCinema (confira no vídeo acima), que enfrentou a depressão em anos recentes. "Eu acho que provavelmente foi um pouco exagerado", admite.
Explica-se: protagonizado por Matt Dillon, The House that Jack Built conta a história de um serial killer que relembra, em um diálogo filosófico com um misterioso interlocutor, cinco "casos" aleatórios de sua "carreira". Tal como em Ninfomaníaca, em que o realizador usa o sexo explícito para abordar questões "metafísicas" a respeito de diversos assuntos, sobretudo referentes à arte, aqui é a violência o fio condutor. Violência gráfica, inclusive; e que não poupa nem crianças. Ou seja, ganhou a "Palma da Polêmica" 2018.
"Para se ter uma desistência, você tem um processo de pensamento", alfineta o diretor. Que também procura amenizar a treta. "Eu respeito muito aqueles que desistiram. É muito justo, eu talvez fizesse o mesmo".
The House that Jack Built terá distribuição no Brasil pela California Filmes, ainda em data a definir. Confira aqui nossa crítica e, em breve, a entrevista completa com Lars von Trier.