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    Festival de Cannes 2018: Netflix compra dois filmes premiados na mostra

    A disputa com a direção do evento francês não afastou a gigante do streaming da Croisette.

    Conforme o Festival de Cannes 2018, encerrado no último sábado, dia 19, com a vitória do drama japonês Shoplifters, avançou filme após filmes, a polêmica disputa entre a direção da mostra e a Netflix perdeu terreno. Apesar da briga, no entanto, a gigante do streaming, que decidiu retirar seus longas do evento por causa das novas regras do festival, esteve na Croisette e adquiriu os direitos de distribuição de duas obras premiadas: Lazzaro Felice, de Alice Rohrwacher, e Girl, de Lukas Dhont (leia nossas críticas aqui e aqui).

    A negociação, no entanto, não será válida para todas as localidades em que a empresa atua. De acordo com informações da Variety, o drama italiano ganhador do prêmio de Melhor Roteiro da Competição Oficial e o vencedor do troféu de Melhor Primeiro Filme na mostra Um Certo Olhar serão exibidos pela Netflix somente na América do Norte e na América Latina; ambas as obras não estarão, portanto, imediatamente disponíveis na plataforma em outras regiões. Isso quer dizer, mais especificamente, que tanto Lazzaro Felice quanto o belga Girl serão lançados comercialmente nas salas de cinema da França.

    A querela entre a Netflix e o Festival de Cannes teve início na edição do ano passado da mostra, quando Okja e Os Meyerowitz causaram polêmica ao serem escolhidos para disputar a Palma de Ouro. A inclusão dos dois longas, vaiados pelas plateias da Croisette no momento em que o logo da Netflix surgia nas telonas, motivou a direção do prestigiado evento a alterar sua regulamentação. Agora, toda obra que desejar concorrer ao prêmio máximo da prestigiada mostra deverá ser exibida tradicionalmente nas salas de cinema da França; e pelas leis locais, estas produções só podem ser disponibilizadas nas plataformas de streaming três anos após suas estreias comerciais.

    Uma vez que a estratégia de distribuição da Netflix difere radicalmente da exibição tradicional nas redes de cinema, a plataforma de streaming se viu obrigada a decidir: ou ceder perante às exigências de Thierry Fremaux, diretor de Cannes, ou retirar todas as suas produções do páreo principal e também das mostras paralelas, como a Um Certo Olhar e a Quinzena dos Realizadores. Como a empresa californiana escolheu a segunda opção, filmes aguardados como Roma, novo drama de Alfonso Cuarón, e The Other Side of The Wind, longa perdido de Orson Welles, não debutaram na Croisette como esperado.

    Após o agravamento das divergências, contudo, as duas partes deram mostras de que gostariam de chegar a um meio-termo: para Cannes, perder obras como a supracitada Roma são uma verdadeira dor de cabeça; para a Netflix, por sua vez, deixar de comparecer ao festival do sul francês é o mesmo que perder uma oportunidade de ganhar prestígio. Resta aguardar para ver como os dois lados se portarão no ano que vem.

    Lazzaro Felice e Girl ainda não têm previsão de estreia no Brasil.

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