O comportamento inapropriado de John Lasseter - recorrente, de acordo com as vítimas que acusaram o ex-diretor de criação da Pixar durante o auge do movimento #MeToo, no fim do ano passado -, não deve ser o fim da linha para o diretor e produtor no mais influente estúdio de animações em Hollywood. De acordo com informações do Wall Street Journal, a Disney está considerando trazer Lasseter de volta à Pixar - o cineasta se afastou do comando da produtora após as denúncias, em novembro de 2017.
Se o retorno de Lasseter for confirmado - ele anunciou que tiraria um período sabático de seis meses, completado no último mês de abril -, ele deve voltar à companhia para ocupar um cargo de menor autoridade, provavelmente como uma espécie de consultor criativo. No entanto, mesmo que o realizador de Toy Story e principal figura da Pixar - ao lado dos colaboradores Pete Docter, Lee Unkrich e Andrew Stanton, o diretor transformou a Pixar em um império do entretenimento - não regresse à sua posição anterior, a Disney pode gerar uma problemática indesejada para si mesma com a repatriação.
Em meio à onda de empoderamento feminino que vem modificando os alicerces da indústria, iniciada através dos corajosos depoimentos de vítimas de assédios sexuais em Hollywood, os estúdios e associações cinematográficas - como a Academia do Oscar, que expulsou Roman Polanski e Bill Cosby recentemente - têm se movimentado para cortar os laços com as personalidades acusadas de crimes sexuais. Harvey Weinstein, cujas décadas de abusos tornaram-se o estopim do movimento #MeToo, e Kevin Spacey são apenas duas das célebres figuras da indústria que perderam o poder; assim, o que significaria para a Disney resgatar Lasseter no atual estado das coisas?
Ainda segundo a reportagem, a casa de Mickey Mouse não tem uma previsão para bater o martelo sobre o possível regresso de Lasseter. Portanto, resta aguardar.