O realizador brasileiro Roberto Farias morreu aos 86 anos de idade nesta segunda-feira. O diretor, roteirista e produtor faleceu após enfrentar um câncer que tratava em um hospital em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde estava internado.
Responsável pela direção de clássicos do cinema nacional como O Assalto ao Trem Pagador (1962), Farias também promoveu o cinema nacional como diretor-presidente da Academia Brasileira de Cinema, cargo ao qual tinha sido reeleito há um mês, e diretor geral da Embrafilme entre 1974 e 1978.
Nascido no ano de 1932 em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, Farias começou sua carreira na lendária produtora nacional Companhia Atlântida. Nos sets, Farias começou como assistende de direção no início da década de 1950 após entrar no ramo com a ajuda do diretor Watson Macedo.
Depois quase 10 filmes como assistende de direção, Farias assinou sozinho a direção e roteiro de Rico Ri à Toa (1957). Seus trabalhos seguintes foram No Mundo da Lua (1958), Cidade Ameaçada (1959) e Um Candango na Belacap (1960). O diretor deixou sua marca nas chanchadas, popular gênero cinematográfico brasileiro.
A acalmação da crítica que chegou com o policial Cidade Ameaçada (1960) se consolidou com O Assalto ao Trem Pagador (1962). Estrelado por Reginaldo Faria — irmão do diretor —, o filme baseado em fatos reais representou o Brasil no Festival de Veneza e foi premiado em festivais em Portugal, Senegal, São Paulo, Bahia e Paraná. Em 2016, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), elegeu o longa-metragem o 19º melhor filme brasileiro de todos os tempos.
Depois de fundar sua própria produtora, Farias realizou uma trilogia de musicais dedicados ao cantor Roberto Carlos: Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968), Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1968) e Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora (1971).
Lançado em 1982, Pra Frente, Brasil, traz Reginaldo Faria de volta ao papel de protagonista de um filme do irmão e aborda o autoritarismo da ditadura militar. O longa-metragem foi premiado no Festival de Berlim e no Festival de Gramado.
O último longa-metragem de Farias foi Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987). Após a experiência, Farias focou seus trabalhos na televisão, com direções nas minisséries Memorial de Maria Moura (1994) e Decadência (1995) e na série Sob Nova Direção (2004-2007).
O velório de Roberto Farias será realizado no Memorial do Carmo, na região central da cidade do Rio de Janeiro, e o enterro acontecerá em Nova Friburgo.