A 71º edição de Cannes apresentou cerca da metade de seus filmes em competição, ainda sem um favorito claro. Um tema, no entanto, tem se mostrado comum na mostra principal e nas seleções paralelas: a representação de gays, lésbicas e transgêneros.
Na competição oficial, Sorry Angel aborda o romance entre um escritor parisiense e um estudante da Bretanha, ambos afetados pelo espectro do vírus HIV. O russo Summer não retrata diretamente a homossexualidade, mas inclui um beijo amigável entre dois homens, além de citar em mais de um diálogo que o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo é algo natural.
Nas mostras paralelas, Girl se destacou com sessões cheias e muitos aplausos para o diretor estreante Lukas Dhont. A história gira em torno de uma bailarina transexual, atravessando uma crise com seu corpo masculino e com a pressão para se destacar numa academia de dança prestigiosa. Curiosamente, o filme é interpretado por um ator cisgênero, o bailarino Victor Polster.
Além deste filme, o queniano Rafiki chegou a Cannes cercado de controvérsias após ser proibido em seu país. O drama relata o amor que nasce entre duas amigas. Já a comédia Sextape discute a sexualidade adolescente, abrindo espaço para sugerir experiências sexuais entre homens. Na chave do terror, o sueco Gräns imagina corpos totalmente diferentes do comum. Não vamos estragar a surpresa aqui, mas basta dizer que alguns homens têm vaginas, assim como as mulheres podem ter pênis.
Essa proliferação de discussões sobre a temática LGBT demonstra a aceitação e valorização de Cannes em relação ao assunto, além de corresponder a um interesse do público: a maior parte dessas sessões ficou completamente esgotada.
Destes filmes, Sorry Angel (Plaire, Aimer et Courir Vite, no original) já tem distribuição garantida no Brasil.