Como de costume, o 71º Festival de Cannes organizou uma coletiva de imprensa com o júri da competição oficial antes da cerimônia de abertura que apresentará o primeiro filme, Todos lo Saben.
O grupo liderado por Cate Blanchett respondeu a muitas perguntas de ordem política, a exemplo da fraca representação de mulheres na competição oficial. A presidenta do júri revelou um posicionamento moderado: mesmo afirmando que ficaria feliz em ver mais diretoras competindo (são apenas três filmes dirigidos por mulheres entre 21 escolhidos), ponderou que os filmes selecionados refletem a safra presente, e que a busca pela igualdade deveria passar, acima de tudo, pela produção artística e pela sociedade de modo geral.
Blanchett inclusive brincou: "Não estamos procurando um prêmio da paz", antes de reforçar: "Este não é um festival de cinema político". Ainda sobre a representatividade, expressou que não poderíamos descartar a seleção por não possuir, por exemplo, um(a) cineasta transexual. Prometeu, portanto, não classificar os filmes em categorias relacionadas a nacionalidade e gênero.
O mesmo ocorreu com as perguntas sobre o ângulo adotado pelo júri para atribuir a Palma de Ouro. Blanchett afirmou privilegiar um equilíbrio entre a qualidade da direção, da fotografia, das atuações etc. De acordo com os demais colegas de júri - Kristen Stewart, Léa Seydoux, Ava Duvernay, Khadja Nin, Denis Villeneuve, Robert Guédiguian, Andrey Zvyagintsev e Chang Chen - o vencedor será um filme representativo dos dias atuais, capaz de ser lembrado daqui a muitos anos.
Blanchett antecipou a possibilidade de disputas acirradas com os outros membros do júri, mas se mostrou feliz pela possibilidade de diálogo. "O mundo seria muito chato se não fosse assim", concluiu.
O festival de Cannes 2018 ocorre entre os dias 8 e 19 de maio.