O cineasta Roman Polanski anunciou que irá recorrer da decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que causou sua expulsão da instituição. Harland Braun, advogado do diretor franco-polonês, disse em entrevista à revista Vanity Fair que a Academia foi "injusta" com o seu cliente.
"Nós queremos um processo adequado. Isso não seria pedir muito da Academia, seria?", indagou de forma retórica. "O Sr. Polanski deveria ter sido notificado e ter 10 dias para apresentar o seu lado", continuou. "O que aconteceu foi um completo desastre no sentido de que a Academia não seguiu suas próprias regras... Foi um curto-circuito. É chocante que eles tenham sido tão injustos. Nós vamos tentar conversar com a Academia e dizer, 'Ei, pessoal, sigam as regras'."
Polanski foi expulso da Academia junto com Bill Cosby, ator e humorista que recentemente foi condenado pela primeira vez após décadas de denúncias de estupro movidas por mais de 40 mulheres. Diretor de filmes como O Bebê de Rosemary, Chinatown e Repulsa ao Sexo, Polanski foi condenado em 1977 após abusar sexualmente de Samantha Geimer, que tinha 13 anos na época do crime. Inicialmente, o diretor foi acusado de estupro com uso de drogas, perversão, sodomia, atos libidinosos com uma criança com menos de 14 anos, e de ter fornecido drogas controladas a uma menor de idade. Após um acordo com a defesa, Polanski assumiu apenas a culpa por sexo ilegal com uma menor de idade. O diretor passou 42 dias na prisão para avaliação psiquiátrica. Após pagar a fiança, o cineasta fugiu para Paris, onde vive até hoje e é considerado foragido pela justiça americana.
Samantha Geimer, que atualmente tem 55 anos de idade e vive no Havaí, contou à Vanity Fair que considera a expulsão de Polanski pela Academia um ato "feio e cruel" feito apenas para manter as "aparências". "Isso não vai mudar nada da cultura sexista de Hollywood hoje em dia e simplesmente prova que eles vão sacrificar os seus para sobreviver", avaliou. A vítima de Polanski também considerou que a Academia "poderia pelo menos ter excluído ele sozinho" e que a instituição foi "idiota" por ter associado ele a Cosby.
Em dezembro do ano passado, a Academia divulgou seus padrões de conduta para combater o assédio e a discriminação no ambiente de trabalho. "Não há lugar na Academia para as pessoas que abusam do status, poder ou influência de forma que viole os reconhecidos padrões de decência. A Academia é totalmente contra qualquer forma de abuso, assédio ou discriminação — seja de gênero, orientação sexual, raça, etnia, deficiência, idade, religião ou nacionalidade", diz um trecho da declaração.