A famosa Batalha dos Campos do Pelennor no desfecho de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei poderia ter sido (ainda mais) sangrenta, embalada por clássicos da soul music e com Samuel L. Jackson aparecendo em algum momento. Tudo bem, esse cenário hipotético não passa de especulação, mas a verdade é que Quentin Tarantino poderia ter visitado o universo épico criado por J.R.R. Tolkien.
Segundo informações do jornal britânico The Guardian, o infame produtor Harvey Weinstein, que caiu em desgraça após ser acusado de ter cometido assédio sexual e estupros, queria contratar Quentin Tarantino para dirigir a adaptação da saga de Bilbo Bolseiro, Gandalf e companhia. A revelação foi feita no livro Anything You Can Imagine: Peter Jackson & The Making of Middle-Earth, escrito pelo autor inglês Ian Nathan, que aborda os bastidores da franquia O Senhor dos Anéis.
Antes de Peter Jackson levar seu projeto de adaptação dos livros de O Senhor dos Anéis para a New Line Cinema, onde os filmes foram desenvolvidos, o realizador neozelandês tentou realizar sua ideia em conjunto com a Miramax, estúdio dos irmãos Harvey e Bob Weinstein. Foi Harvey quem supervisionou o projeto de Jackson e representou uma verdadeira pedra no sapato do diretor.
Antes de O Senhor dos Anéis ser uma trilogia, Jackson pensou o projeto como uma franquia de dois filmes. Ainda assim, por questões financeiras, Weinstein considerou que rodar dois filmes com a Miramax seria caro demais e exigiu que Jackson reescrevesse o roteiro para que toda a trama dos três livros de Tolkien se transformassem em apenas um filme de duas horas de duração. Caso contrário, Weinstein planejava substituir Jackson por John Madden, diretor de Shakespeare Apaixonado, ou Tarantino, que teve Weinstein como produtor de todos os seus filmes.
"Harvey dizia coisas como, 'Ou você faz desse jeito ou você não faz de jeito algum. Você estará fora. E eu tenho o Quentin na espera para dirigir esse filme'", relatou o produtor Ken Kamins ao escritor britânico. O livro também revela que Jackson recebeu um memorando em junho de 1998 dizendo que ele precisava pensar em uma "abordagem mais radical e simplificada" para realizar a adaptação em apenas um filme. "Isso literalmente iria decepcionar todas as pessoas que leram aqueles livros", Jackson teria dito a Nathan. "Nós preferimos viver as nossas vidas e fazer os nossos filmes e não ter que lidar mais com essas m..... Diga a Harvey para fazer o filme dele e boa sorte", teria desabafado o cineasta neozelandês.
Mesmo depois que Jackson desistiu de fazer o filme com a Miramax e fechou com a New Line Cinema, Harvey Weinstein ainda conseguiu manter uma influencia negativa no projeto. Em dezembro do ano passado, Jackson afirmou que o produtor difamou as atrizes Ashley Judd e Mira Sorvino, duas de suas vítimas de assédio, para que o neozelandês não as escalasse em O Senhor dos Anéis.
"Agora suspeito que recebi falsas informações sobre essas mulheres talentosas e, como resultado direto, seus nomes foram removidos da nossa lista de candidatos. Minha experiência quando Miramax controlava O Senhor dos Anéis [antes da New Line assumir o projeto] foi que Weinstein e seu irmão trabalhavam como se fossem da máfia. Não era o tipo de pessoas com quem queria trabalhar, então não o fiz", comentou Jackson no ano passado. Weinstein nega as acusações.