A Lista de Schindler foi um divisor de águas na carreira de Steven Spielberg. Cofundador do conceito moderno de blockbusters e creonhecido por dramas familiares infantojuvenis, o cineasta era levado pouco a sério até, após anos de idealização, enfim adaptar a obra "Schindler's Ark", de Thomas Keneally. E o esforço foi enorme. Tanto tecnicamente (do uso de câmera na mão ao porte e às exigências históricas da produção em preto e branco), quanto psicologicamente. Pois o filme é sobre o Holocausto, e Spielberg é judeu.
Para aliviar toda a pressão causada por um filme sem precedentes em sua carreira, o cineasta contou com o apoio mental de um querido amigo: Robin Williams. "Ele me ligava e fazia 15 minutos de comédia stand-up ao telefone", disse Spielberg, em evento realizado pelo Festival de CInema de Tribeca. "Ele não ia embora. Só desligava o telefone ao tirar a máxima gargalhada de mim. Mic drop", ele conta.
O Festival de Tribeca exibiu A Lista de Schindler antes do bate-papo, marcando a primeira vez que Steven Spielberg assistiu ao filme em uma sala de cinema cheia desde 1993. Acompanhado de Ben Kingsley, Embeth Davidtz, Caroline Goodall e do protagonista do vencedor de 7 Oscars, Liam Neeson, o cineasta disse que teve um sentimento de realização muito forte, inédito, após a experiência.
Steven Spielberg ainda desmentiu os rumores de que Mel Gibson era sua primeira escolha para o papel de Oskar Schindler. Intérprete do empresário que salvou cerca de 1200 judeus durante a Segunda Guerra Mundial, Liam Neeson falou sobre a poderosa conversa que teve com o produtor Branko Lustig, um sobrevivente dos campos de concentração de Auschwitz.
"Ele apontou para os chapéus em Auschwitz e disse: 'Está vendo aquele chapéu? Eu estive naquele chapéu'. Aquilo mexeu demais comigo, cacete. Demais!", conta Neeson, dizendo que depois desse bate-papo devastador, errou a fala em todas as suas cenas.
