"Ninguém vai acreditar em você". A frase, supostamente dita por Bill Murray depois de tapar (e destapar) os olhos de uma pessoa qualquer num lugar qualquer, virou uma espécie de slogan de um tipo de comportamento que confere ao ator uma aura de "excentricidade" na relação dele com seres humanos comuns.
“Desta vez, as pessoas provavelmente acreditarão em você”, provoca o perfil oficial do festival South by Southwest (SXSW):
De macacão e chapeuzinho, Murray fez uma aparição surpresa numa esquina qualquer da cidade de Austin, no Texas, neste sábado, para ler um poema sobre... cachorro, acompanhado de um músico no violoncelo, ao som de Bach. De autoria do poeta Lawrence Ferlinghetti, o texto de “Dog” ("Cachorro") foi escrito nos anos 1950 e destaca o inocente ponto de vista de um... cão, a respeito da vida.
#BillMurray lendo um poema sobre cachorro é algo de que você achou que nunca precisaria... até agora. @isleofdogsmovie #SXSW
A presença do ator no festival não é exatamente uma surpresa - muito menos inédita, ele já havia participado de outras edições do evento. Mas ela é a convergência de duas produções bem distintas que envolvem o nome do ator no SXSW.
Primeiro, a "oficial": O filme escolhido para o encerramento do braço cinematográfico do South By, na noite de sábado, foi Isle of Dogs. Mais uma parceria do ator com o diretor Wes Anderson, a animação narra as aventuras de um garoto que bola uma estratégia para não se separar de seu cachorro depois que os cãezinhos são proibidos de circular em sua cidade e devem ser enviados a uma ilha vizinha entulhada de lixo. O que, por si só, justificaria a presença do ator no SXSW - e a escolha do tema do poema, claro.
Por outro lado, Murray é foco do documentário "não oficial" The Bill Murray Stories: Life Lessons Learned from a Mythical Man ("As Histórias de Bill Murray: Lições de Vida Aprendidas a partir de um Homem Mítico", em tradução livre), também exibido no festival.
Dirigido por Tommy Avallone, o filme parte de uma premissa brilhante: A produção corre atrás de pessoas desconhecidas que têm alguma história em comum com o "mítico" ator para ouvi-las e, eventualmente, apurar a veracidade delas. Diz-se que Bill Murray uma vez "invadiu" um ensaio de fotos de um casal de noivos realizado numa rua da Carolina do Norte; conta-se que, em outra, adentrou uma festa de jovens em Londres e decidiu lavar a louça. Não "eles não vão acreditar em você". Será mesmo?
"Eu fiquei realmente fascinado com a ideia do porquê de alguém fazer isso. É uma coisa estranha, engraçada de se fazer", declarou Avallone no SXSW. "Então, você começa a pesquisar e começa a encontrar esse monte de histórias loucas, aleatórias, a respeito do Bill Murray".
Além de um trabalho de garimpagem - e coletânea - de imagens raras que legitimam (em sua maioria) as "lendas urbanas" em torno do ator, o filme de fato traz uma bela lição (ou "lições", que o título anuncia) no final. Acredite.
The Bill Murray Stories não tem previsão de estreia no Brasil (nem mesmo distribuidor por ora), enquanto Isle of Dogs está agendado para chegar aos cinemas nacionais em 14 de junho de 2018.
Confira os trailers:
