Mais um antigo colaborador se distancia de Woody Allen, acusado de ter abusado sexualmente de sua própria filha, Dylan Farrow, quando esta tinha apenas sete anos, no fim da década de 1980. Em entrevista ao The Guardian por ocasião do lançamento de seu documentário sobre os anos 1960, My Generation, o ator e produtor Michael Caine (Hannah e Suas Irmãs) revelou que não se arrepende do passado, mas que também não trabalharia novamente com o diretor nova-iorquino:
"Estou muito chocado [com as acusações]. Sou um patrocinador da NSPCC [Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças] e condeno fortemente a pedofilia. Não consigo lidar muito bem com a situação porque adorava Woody e me diverti muito com ele. Eu até mesmo o apresentei a Mia Farrow. Não me arrependo de ter trabalhado com ele, algo que fiz de forma completamente inocente; mas não trabalharia com ele novamente, não", sentenciou o britânico, que venceu seu primeiro Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Hannah e Suas Irmãs, em 1987.
Ressurgido durante o ápice do movimento #MeToo após a revelação dos abusos sexuais cometidos pelo ex-produtor Harvey Weinstein, o caso Allen-Farrow gerou uma onda de revolta contra o diretor. A partir de então, sua obra começou a ser boicotada e revista pelos antigos fãs; uma estátua sua em Oviedo, na Espanha, quase foi derrubada; e seu próximo filme, A Rainy Day in New York, corre o risco de não ser lançado pela Amazon.
Desde que as alegações foram realizadas pela primeira vez, Allen sempre negou ter cometido o abuso. Nos idos de 1992, uma junta de médicos especializados em abuso infantil e uma divisão do Serviço Social de Nova Iorque investigaram e avaliaram o polêmico caso. O parecer final acabou arquivando as denúncias, uma vez que nenhum indício de abuso foi encontrado em Dylan; por outro lado, Farrow sempre manteve seu posicionamento.