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    Vitória de Uma Mulher Fantástica no Oscar acelera projeto de lei sobre cidadania trans no Chile

    "O crescente consenso de que o Chile tenha uma lei de identidade de gênero deve se transformar em fatos concretos", afirmou a presidente Michelle Bachelet.

    Kevork Djansezian/Getty Images

    Uma Mulher Fantástica foi o primeiro filme estrelado por uma mulher trans a vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro. A vitória histórica da produção chilena terá efeitos práticos no país sul-americano onde o drama dirigido por Sebastián Lelio se passa.

    A presidente do Chile, Michelle Bachelet, determinou que um projeto de lei que envolve a cidadania trans no país seja tramitado em regime de urgência. O texto, que está parado no Congresso desde 2013, regulamenta o direito de pessoas trans de retificarem seus documentos, alterando os nomes e o gênero com os quais foram identificadas ao nascer para condizer com sua identidade de gênero.

    A medida é uma das últimas do mandato de Bachelet, que deixará o comando no dia 11 de março, quando o conservador Sebastián Piñera, que venceu as eleições em 2017, assume o Palácio de La Moneda.

    "O crescente consenso de que o Chile tenha uma lei de identidade de gênero deve se transformar em fatos concretos. Por isso, decidi dar suma urgência ao projeto que está em sua última etapa no Congresso. As pessoas transgênero não podem continuar esperando!", escreveu a presidente em seu perfil no Twitter.

    "É uma honra receber em La Moneda, a casa de todos, a equipe de Uma Mulher Fantástica. Como outras grandes expressões de nossa arte, este filme tem impulsionado conversas sobre avanços sociais que o Chile demana", completou a presidente.

    No mesmo dia em que encontrou com a Bachelet, a atriz Daniela Vega, estrela do longa premiado pela Academia, criticou a atual lei chilena que a impede de alterar seus documentos. "Na minha identidade tem um nome que não é meu, porque o país onde nasci não me dá essa possibilidade. O tempo vai passando e estamos esperando".

    Segundo a agência de notícias AFP, Paula Narváez, a ministra porta-voz do governo está otimista e acredita que é "altamente provável" que o texto seja discutido e votado durante o governo de Piñera.

    "É uma rara coincidência que uma importante mostra de arte, como é o cinema, instale na agenda pública um debate que foi tremendamente anônimo de organizações de pessoas trans durante muitíssimo tempo", afirmou Narváez em conversa com jornalistas para falar da decisão de Bachelet de dar urgência ao projeto.

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