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    Oscar 2018: TNT repudia fala transfóbica de Rubens Ewald Filho, que pode não mais comentar a premiação

    Crítico de cinema se defendeu: "Nunca fui reacionário, sexista ou racista", disse ele, também admitindo que se expressou mal.

    Rubens Ewald Filho é contestado há alguns anos por seus comentários no Oscar. Dono de uma personalidade própria, é comum vê-lo fazer comentários ácidos sobre o figurino das atrizes, a (falta de) beleza dos atores e outros que fogem um tanto da crítica de cinema, sua função primordial no programa que cobre a cerimônia de premiação do Academy Awards. Mas nunca antes uma gafe de REF pegou tão mal quanto no último domingo.

    Daniela Vega subira ao palco para apresentar a terceira música indicada ao Oscar de canção original: "Mystery of Love", composição de Sufjan Stevens para o filme Me Chame Pelo Seu Nome. Ao se referir à protagonista do grande vencedor do Oscar de filme estrangeiro, o drama chileno Uma Mulher Fantástica, Rubens Ewald Filho cometeu a infelicidade de dizer que "a moça, na verdade, é um rapaz" — demonstrando ignorância sobre a transsexualidade, que se caracteriza pela identificação do indivíduo com o gênero oposto.

    Detentora dos direitos de transmissão do Oscar no Brasil, a TNT se manifestou oficialmente contra a fala de REF: "A TNT repudia toda ação e/ou manifestação preconceituosa de qualquer natureza. A marca valoriza, incentiva a respeita a inclusão, a diversidade em todas suas iniciativas para levar o melhor conteúdo e entretenimento para seus fãs", declarou a emissora, ao site da revista Veja, também deixando em aberto sua parceria com o crítico de cinema em projetos futuros.

    "Alinhado a esse propósito, a direção da TNT já conversou com o comentarista Rubens Ewald Filho para evitar que episódios como os comentários feitos durante a transmissão do Oscar no último domingo se repitam, e decidirá nas, próximas semanas, o futuro de sua participação nas transmissões e conteúdos digitais da marca", divulgou a emissora.

    Ciente de toda a repercussão negativa de seu comentário, Rubens Ewald Filho também se manifestou. Ele se defende, mas admite o erro: "Em 50 anos de carreira e 35 anos de Oscar, nunca fui reacionário, sexista, racista ou tive qualquer outra conduta que censurasse a essência do ser humano. Ao contrário, sempre lutei a favor daquilo que é certo, do indivíduo, das minorias e da liberdade de expressão. O que aconteceu em relação a atriz Daniela Vega foi, no fundo, uma confusão minha de termos técnicos de expressão", disse REF ao blog Sala de TV, do UOL.

    Rubens Ewald Filho afirma ao longo de sua extensa defesa que sua confusão não denota sexismo ou transfobia. Mas ele há de admitir que em pleno Oscar 2018 — um marco da inclusão social em Hollywood, impulsionado pelo movimento Time's Up, em prol de igualdade e contra o abuso e outras formas de desrespeito na indústria —, na primeira vez em uma história de 90 anos (!) que uma pessoa transsexual teve a oportunidade de subir ao palco e apresentar a premiação, seu comentário foi de uma infelicidade extrema e deve ser tratado com a devida autocrítica.

     

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