Com a apresentação de seus últimos filmes, a 68º edição da Berlinale já exibiu à imprensa todos os concorrentes ao Urso de Ouro. Fecharam a seleção o polonês Mug, de Malgorzata Szumowska, e o alemão In the Aisles, de Thomas Stuber.
A vida após o acidente
Mug parte da interessante história de um homem acidentado (Mateusz Kosciukiewicz) que recebe o primeiro transplante de rosto na Europa. Ele se torna uma celebridade no vilarejo onde mora, mas também passa a ser visto como um monstro, por ter o rosto imóvel e repleto de cicatrizes.
Conhecida pelo humor sarcástico, Malgorzata Szumowska critica o ponto de vista estreito dos moradores do campo, além do consumismo e o individualismo. Quando o personagem passa a ser maltratado pelos familiares, no entanto, o filme explora em excesso as piadas sobre bullying, ao limite do desrespeito.
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A vida entre os corredores
In the Aisles, de Thomas Stuber, acompanha a rotina do tímido Christian (Franz Rogowski), encarregado do estoque num supermercado. Aos poucos, ele aprende a operar empilhadeiras e se apaixona pela colega Marion (Sandra Hüller).
O filme é simples, porém incrivelmente bem filmado, atuado, e capaz de transformar pequenos gestos em momentos especiais. O diretor demonstra grande ternura pelos funcionários, dando vozes a figuras invisíveis do mercado de trabalho. Pela presença de Sandra Hüller e pelo humor melancólico, abordando os incômodos das relações trabalhistas contemporâneas, tem sido comparado nos corredores de Berlim ao excelente conterrâneo Toni Erdmann. In the Aisles seria uma bela escolha para o Urso de Ouro.
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A vida dos esquimós
A mostra competitiva se encerrou oficialmente com a projeção de Ága, que não disputa os prêmios da Berlinale. A obra búlgara representa a vida de um esquimó, Nanook (Mikhail Aprosimov), ocupado com a caça e pesca, enquanto reflete sobre a dor da partida recente da filha, que preferiu morar na cidade.
O projeto é muito bem filmado, com uma beleza até excessiva - o diretor faz questão de transformar os atos cotidianos em cenas espetaculares. Pode parecer fetichista, ou ingênuo, mas termina fazendo uma analogia interessante com um clássico do cinema, Nanook, o Esquimó (1922).
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