Em um dia com menos exibições na mostra competitiva - afinal, os críticos também precisam descansar um pouco - o maior destaque do 68º Festival de Berlim foi a apresentação de Don't Worry, He Won't Get Far on Foot, comédia do diretor Gus Van Sant (Elefante, Gênio Indomável) que já tinha sido projetada em Sundance.
Alcoolismo, deficiência e humor
Como sugere o título, Don't Worry, He Won't Get Far on Foot (algo como "Não se preocupe, ele não vai longe à pé") relata com bom humor a vida de um homem paraplégico, John Callahan (Joaquin Phoenix). Depois de um acidente de carro ligado ao seu alcoolismo, ele perde o movimento das duas pernas, e descobre a vocação para tirinhas e desenhos satíricos envolvendo racismo, sexualidade e deficiência física.
O filme é leve, ancorado em duas boas atuações - além de Phoenix, Jonah Hill está excelente como o amigo e terapeuta de John -, embora não possua grandes ambições estéticas. Gus Van Sant pretende tratar de temas sérios com ironia, mas sem realmente incomodar ninguém.
"Mãe, morrer dói?"
Entre os destaques brasileiros, Unicórnio teve sua exibição em Berlim, além de um bate-papo com o diretor Eduardo Nunes e a atriz principal, a jovem Bárbara Luz. A história gira em torno desta garota, dividida entre a reclusão do pai e a sensação de que sua mãe anda distante, estranha. A garota entra em contato com a natureza para encontrar respostas às suas dúvidas.
Como no filme anterior, Sudoeste, o cineasta tem grande cuidado com a estética, trabalhando mais uma vez com o formato de imagem bastante retangular, com barras pretas acima e abaixo da tela. As cores saturadas e o trabalho de som geram uma atmosfera mágica, misteriosa. Para o público médio, a história pode ser hermética demais devido à narrativa dilatada e aos questionamentos sobre a vida e a morte.
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