Na noite do dia 18 de fevereiro, dois filmes brasileiros de temática LGBT foram apresentados na Mostra Panorama, registrando salas lotadas. Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Cláudia Priscilla, e Tinta Bruta, de Márcio Reolon e Filipe Matzembacher, receberam aplausos calorosos após a sessão.
"Bicha preta favelada"
A MC Linn da Quebrada não tem pudores para falar sobre si mesma. Para a artista, seu corpo transexual é político por si próprio, então não vê problemas em questioná-lo, nem mostrá-lo. O divertido documentário retrata o trabalho e a vida de Linn, refletindo sobre as diversas formas de identidade de gênero e orientação sexual. O resultado consegue ser ao mesmo tempo popular e erudito, reflexivo e anárquico. Uma produção bastante rara dentro do cinema nacional.
No palco, os cineastas leram uma carta em inglês, assinada por vários cineastas: "Precisamos falar sobre a violência sofrida por indivíduos negros e LGBT. Nós somos contra este governo ilegal", afirmou Goifman, sendo ovacionado pela plateia.
O garoto neon
Tinta Bruta retoma o trabalho de Reolon e Matzembacher após Beira-Mar, também apresentado em Berlim. Eles acompanham a rotina do solitário Pedro (Shico Menegat), que vive de suas performances eróticas na Internet. No entanto, ele esconde traumas recentes, enquanto vive a dor da partida da irmã, que se muda para outro Estado.
Os cineastas sabem muito bem transmitir uma sensação de melancolia e abandono, extraindo uma atuação desafetada de Menegat. Talvez os diálogos pudessem fluir em ritmo e tom mais naturais, mas ainda assim, é saudável encontrar um retrato da juventude LGBT na era das redes sociais.