O 68º festival de Berlim teve um dia forte na mostra competitiva, com dois representantes da Alemanha e da Rússia, ambos fortemente politizados e com boas chances de prêmios. Enquanto isso, o brasileiro Karim Ainouz apresentou o documentário Aeroporto Central na mostra Panorama.
Artistas censurados
Dovlatov, de Alexey German Jr., apresenta a vida do escritor Sergei Dovlatov (Milan Maric), comparando-o com o caso de outros artistas soviéticos que tiveram as suas obras censuradas pelo governo. Para a surpresa do público, o filme é leve, divertido, apoiado em diálogos sarcásticos sobre a condição dos artistas e a pressão para fazerem obras populares, ao invés de uma arte questionadora.
O elemento mais interessante é o trabalho de câmera genial, utilizando longuíssimos planos-sequência para acompanhar as ações de mais de uma dezena de personagens ao mesmo tempo. O cineasta já havia sido premiado pela contribuição artística em Under Electric Clouds (2015), e pode repetir o feito este ano.
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Ataque nazista em 2018
Transit, de Christian Petzold, inova ao imaginar o mundo contemporâneo com a França tomada pelos nazistas. Enquanto um alemão (Franz Rogowski) tenta fugir, uma família de imigrantes ilegais busca se safar da polícia local. O filme coloca ambos em paralelo, enquanto discute a influência dessa perseguição nos relacionamentos fraternos e amorosos.
O drama despertou bons debates nos bastidores da Berlinale, sendo bastante elogiado por alguns críticos, e considerado ingênuo ou mesmo historicamente irresponsável por outros.
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Refugiados num aeroporto
Aeroporto Central, de Karim Ainouz, é um dos representantes brasileiros em Berlim. O cineasta acompanhou a vida do jovem Ibrahim, refugiado sírio que viveu durante mais de um ano no aeroporto abandonado Tempelhof, num campo de refugiados. O projeto revela a rotina do jovem, seus planos para o futuro e a interação com outras pessoas esperando a regularização de suas situações políticas na Alemanha.
O filme é muito bem realizado e demonstra evidente empatia pelos refugiados. No entanto, transparece certo pudor ao analisar as atrocidades passadas pelos refugiados ou criticar a gestão alemã dos campos, preferindo um viés otimista.
Crítica em breve!
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