6) Não é segredo para ninguém que, infelizmente, as mulheres continuam sendo subempregadas nos principais cargos cinematográficos atrás das câmeras - inclusive, um estudo comprovou que a participação feminina em tais segmentos de trabalho praticamente não foi alterada nos últimos 20 anos. E é por isso mesmo que a nomeação de Rachel Morrison (Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi) à categoria Melhor Direção de Fotografia é tão relevante e importante no atual estado das coisas. Em 90 anos de história, a cineasta tornou-se a primeira mulher a ser indicada ao troféu em questão e sua menção certamente pode ajudar a abrir mais oportunidades para as mulheres na sétima arte. Impulsionada pelo feito, Morrison disputará o caneco de Melhor Fotografia com Roger Deakins (Blade Runner 2049), Bruno Delbonnel (O Destino de Uma Nação), Hoyte van Hoytema (Dunkirk) e Dan Laustsen (A Forma da Água).
7) Apenas 28 cineastas conseguiram ser indicados aos prêmios de Melhor Direção, Melhor Filme e Melhor Roteiro (Original ou Adaptado) em um só ano, e somente um deles é negro: Jordan Peele (Corra!). O diretor fez sua estreia na premiação da Academia como se fosse um veterano e se juntou a um seleto clube de diretores/roteiristas/produtores que inclui nomes como Billy Wilder e Alejandro González Iñarritú. Peele também tornou-se o quinto diretor negro a ser nomeado ao Oscar de Melhor Direção: antes dele, apenas John Singleton (Os Donos da Rua), Lee Daniels (Preciosa - Uma História de Esperança), Steve McQueen (12 Anos de Escravidão) e Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar) foram indicados ao caneco.
8) Ainda no assunto direção, outra pessoa que vem abrindo espaços para as mulheres é Greta Gerwig (Lady Bird - A Hora de Voar). A atriz e roteirista fez uma aclamada estreia como cineasta ao dirigir Saoirse Ronan (Brooklin) na dramédia indicada a 5 Oscar e tornou-se a quinta mulher a ser indicada ao prêmio de direção da Academia. Anteriormente, somente Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas), Jane Campion (O Piano), Sofia Coppola (Encontros e Desencontros) e Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror) conseguiram atingir a lista final de cinco nomeados. Até hoje, Bigelow permanece sendo a única mulher a ter vencido o Oscar de Melhor Direção; todos os outros 88 vencedores são homens. Parece que a Academia realmente precisa se movimentar para incentivar - e indicar - mais realizadoras, não é mesmo?
9) A comunidade trans também está representada na 90ª edição do Oscar. Yance Ford, na verdade, tornou-se a primeira pessoa trans a ser indicada por dirigir um longa-metragem: no caso, o documentário Strong Island, sobre a violenta morte de seu irmão e os recentes abusos de poder cometidos pela polícia estadunidense contra a população negra. A primeira pessoa trans a ser indicada na história da Academia foi Angela Morley, compositora da trilha sonora de O Pequeno Príncipe, em 1975.
10) Três vezes Octavia Spencer! Com sua indicação por A Forma da Água, a atriz tornou-se a artista negra mais vezes indicada ao Oscar ao lado da amiga Viola Davis (Um Limite Entre Nós). Spencer - que venceu o prêmio da Academia de Melhor Atriz Coadjuvante por Histórias Cruzadas e foi nomeada ao mesmo troféu no ano passado por Estrelas Além do Tempo - também emplacou, consequentemente, duas indicações consecutivas à mesma categoria, um feito notável em qualquer âmbito do Oscar. Será que ela retorna no ano que vem? Para vencer em 2018, terá que passar pela favorita Allison Janney (Eu, Tonya) e também por outras fortes concorrentes, como Mary J. Blige (Mudbound), Lesley Manville (Trama Fantasma) e Laurie Metcalf (Lady Bird).