Todo ano é assim: o primeiro fim de semana da Mostra de Tiradentes é dedicado aos filmes mais badalados, já exibidos (e muitas vezes premiados) em outros festivais Brasil afora. É apenas quando a mostra Aurora começa que o público tem enfim a chance de conhecer a safra do ano no cinema brasileiro, já que nela apenas filmes inéditos são exibidos. A de 2018, ao menos por enquanto, começou com o pé direito.
Dirigido pela dupla Adriana Barbosa e Bruno Castanho, Madrigal para um Poeta Vivo é uma espécie de dedicatória afetiva a Tico Rovida, ou simplesmente Tico. Escritor inveterado de uma clareza de ideias exuberante, ele ganhou um certo destaque nacional após ser tema de uma reportagem no programa Hoje em Dia, da Rede Record, graças à peculiaridade de trabalhar como coveiro em São Paulo. Entretanto, sintetizá-lo apenas pela alcunha de "escritor coveiro" é simplório demais, como o documentário ressalta.
Calcado na personalidade de Tico, o documentário não apenas se baseia nos contrastes íntimos de alguém que optou por morar na rua até prestar concurso público para a vaga de coveiro como, também, nas crenças de vida que carrega consigo. Anarquista por opção e devoto de Dostoievsky e Plínio Marcos, Tico não se ilude ao comentar sobre qualquer tema apresentado, mesmo os mais dolorosos. Difícil não se afeiçoar a ele, não só pelo bom humor mas também pela quebra contínua de estereótipos.
Outros seis filmes foram selecionados para a mostra Aurora e serão exibidos ao longo desta semana: Imo, Ara Pyau - A Primavera Guarani, Dias Vazios, Baixo Centro, Lembro Mais dos Corvos e Rebento. O AdoroCinema estará lá, conferindo cada um deles ;-)
O AdoroCinema viajou a convite da organização do evento.