De acordo com Brigitte Bardot, as coisas são bem diferentes na indústria cinematográfica francesa quando se trata do assunto do momento: o escândalo de assédios sexuais que abalou Hollywood. Diferente de Sharon Stone, que soltou uma irônica gargalhada ao ser questionada se já havia sofrido assédios durante sua carreira, a musa da sétima arte da França declarou que nunca encontrou nenhum problema do tipo em seus anos como profissional do cinema e ainda criticou atrizes que "provocam" produtores para conseguir papéis:
"Em relação às atrizes, e não às mulheres em geral, isto é, na grande maioria dos casos, hipócrita, ridículo e vazio. Essas denúncias tomam o lugar de temas importantes que poderiam estar sendo discutidos. Eu nunca fui vítima de assédio sexual. E achava charmoso que me dissessem que eu era bela ou que tinha um belo pescoço. Este tipo de elogio é agradável. Agora, existem muitas atrizes que fazem as provocadoras com os produtores para conseguirem papéis. Em seguida, para que falemos delas, elas declaram que foram assediadas... Na verdade, mais do que beneficiá-las, isso as prejudica", decretou a atriz e sex symbol, que trabalhou com cineastas como Jean-Luc Godard e Louis Malle, em entrevista à Paris Match, revista da qual foi capa em inúmeras ocasiões.
A manifestação de Bardot ecoa o conteúdo da carta aberta coassinada por mais de 100 mulheres divulgada pelo Le Monde na semana passada. A extensa tribuna, que defendia a "liberdade de importunar" como prerrogativa para a liberdade sexual, provocou a ira de inúmeras atrizes e organizações feministas. As críticas foram tão duras que Catherine Deneuve, uma das cossignatárias, precisou esclarecer seu posicionamento quanto aos assédios sexuais, reforçando a ideia que não tolera nenhuma tipo de comportamento predatório, afirmando que algumas de suas colegas deturparam o espírito do artigo e pedindo desculpas às vítimas e às pessoas que se sentiram ofendidas.
Desde que foi iniciado em outubro de 2017, quando os crimes do ex-produtor e magnata de Hollywood Harvey Weinstein foram revelados, o movimento das vítimas de assédios sexuais derrubou as carreiras de outros predadores como Kevin Spacey e James Toback e ganhou grande espaço na mídia. As "mulheres que quebraram o silêncio" foram eleitas personalidades do ano pela prestigiada revista Time e também foram as principais homenageadas do emocionante discurso de Oprah Winfrey no Globo de Ouro.