"Quando eu tinha 12 anos, durante as filmagens de True Lies, eu fui molestada sexualmente por Joel Kramer, um dos maiores coordenadores de dublês de Hollywood". Esta é a primeira frase da poderosa denúncia de Eliza Dushku contra seu abusador — um profissional de renome, que atuou recentemente em Blade Runner 2049, Star Trek: Discovery, Westworld e Velozes & Furiosos 7, e tinha 36 anos à época em que abusou da atriz.
Eliza Dushku lembra em detalhes como Joel Kramer conquistou sua confiança e de sua família até atraí-la ao seu hotel com a promessa de levá-la para nadar e comer sushi pela primeira vez. "Eu lembro vividamente como ele, metodicamente, fechou as persianas e apagou as luzes; como ele aumentou o ar condicionado a um nível congelante, onde ele me colocou exatamente em uma das camas do hotel, que filme ele colocou na TV (Cônicos e Cômicos); como ele sumiu no banheiro e surgiu, nu, não tendo nada além de uma pequena toalha de mão franzida em suas partes", ela escreveu.
A atriz de Buffy e Dollhouse conta que Joel Kramer se deitou sobre ela e começou a esfregar seu "corpo enorme" sobre o dela, de uma garota de 12 anos. "Pare de fingir que está dormindo", ele dizia. Depois que "terminou", ele disse que a garota deveria ter cuidado, pois ninguém poderia saber daquela história. Na viagem de volta para o hotel em que estava hospedada com a família, Kramer colocaria Dushku em seu colo, no táxi. Congelada, a menina não tiraria os olhos do retrovisor, pelo qual olhava diretamente para o motorista, ciente da situação.
Dushku ainda conta que as coisas mudaram nas semanas seguintes. Kramer, que a chamava de "jailbait" (expressão vulgar semelhante a "chave-de-cadeia", específica para uma menor vista como sexualmente atraente, segundo o British Dictionary) nos bastidores, se tornaria muito frio. Em dado momento, ela contaria a uma "amiga adulta e forte" o que acontecera. No dia em que a mulher confrontou o coordenador de dublês, Dushku sofrera um acidente no set que provocou uma fratura em suas costelas. "Joel Kramer era responsável por minha segurança. [...] Enquanto ele devia ser meu protetor, ele era o meu abusador."
A carta termina com Eliza Dushku, hoje aos 37 anos, dizendo que foi assombrada, há poucas semanas, por uma foto de Joel Kramer abraçando uma menina. Por isso, pela força que recebe dos fãs, pelo incentivo de todos que têm denunciado seus abusadores, ela quebrou o silêncio.
