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    Michael Douglas se defende de acusações de assédio sexual antes da potencial publicação das denúncias

    O ator decidiu se antecipar à impressão para esclarecer a situação.

    Mike Coppola

    artigo que revelou as décadas de abusos sexuais cometidos por Harvey Weinstein e iniciou a derrocada do ex-produtor foi apenas o estopim de uma onda de corajosos testemunhos de vítimas de assédio que abalou Hollywood. Após o ex-magnata da indústria, outros poderosos nomes como Kevin SpaceyLouis C.K. também viram suas carreiras serem derrubadas por causa dos crimes que cometeram. No entanto, alguns acreditam que o contexto atual também abre espaço para a realização de acusações infundadas. É isto que teria acontecido com Michael Douglas: em entrevista ao Deadline, o ator decidiu se antecipar e se defender de uma suposta acusação de assédio que seria publicada pelo The Hollywood Reporter.

    "Senti a necessidade de me antecipar [...] Recebi uma mensagem do meu advogado dizendo que o The Hollywood Reporter queria fazer uma história sobre uma mulher que trabalhou para mim há aproximadamente 32 anos. Ela alega que 1) eu usei linguajar vulgar na frente dela, não com ela, mas usei um linguajar vulgar; 2) que eu usei palavras sujas e atrevidas com meus amigos, em conversas privadas que tive na frente dela. Eu a demiti eventualmente, por causa do trabalho que ela fazia, mas 3) ela alega que eu a difamei na indústria e impedi que ela conseguisse trabalho em outros lugares. E então, 4) ela alega que eu me masturbei na frente dela [...] Quanto ao linguajar vulgar, ela pode ter ouvido conversas privadas, e se ela se sentiu ofendida, ela poderia ter dito. Quanto à difamação, isso é completamente falso. Ela era uma mulher que estava envolvida no setor de desenvolvimento da minha companhia e nós simplesmente não estávamos em um bom momento na época, então eu segui em frente. Nunca a difamei. Se alguém tivesse me ligado perguntando sobre o trabalho dela, teria sido honesto, mas nunca a difamei. E, por fim, me masturbar na frente dela? Nem sei por onde começar. É uma mentira, uma invenção, não há nenhuma verdade nisso de jeito algum", declarou o ator e produtor ganhador de dois Oscar.

    Douglas prosseguiu disparando contra o jornalista do The Hollywood Reporter. Segundo o ator, os dois conversaram pelo telefone e o repórter comunicou que a história seria publicada por causa do tamanho do furo, independente da corroboração: "As acusações são mínimas, a não ser pela ideia de que eu teria me masturbado na frente dela. Ela supostamente tem três amigos que corroborariam a história, pessoas para quem ela mencionou isso. Me orgulho de apoiar o movimento das mulheres. Minha mãe [Diana Douglas] era uma atriz, eu sou casado com uma atriz [Catherine Zeta-Jones] e sempre apoiei, durante todos esses anos, o movimento com todo o meu coração. Eu fui forçado a olhar para o meu passado. 20 executivas diferentes trabalharam para a minha companhia, em setores diferentes, durante os anos. Mais de 20 produtores com quem trabalhei em filmes eram mulheres. Isso sem mencionar todas as atrizes com quem trabalhei e as centenas de profissionais. Como eu, que tenho uma carreira de 50 anos na indústria, estou lidando com uma empregada de 33 anos atrás que provavelmente ficou irritada por ter sido demitida, uma mulher de quem nunca ouvi nada em 32 anos? E uma publicação legítima vai tentar publicar a história? Não há confirmação, eles simplesmente acreditam que alguém vai tentar publicar antes deles".

    Magoado, o ator se desculpou novamente pelo palavreado que teria utilizado na frente da acusante e finalizou sua declaração com uma espécie de aviso, denunciando o sensacionalismo da imprensa: "Novamente, peço desculpas se usei um linguajar vulgar com meus amigos. Mas isso é realmente debilitante. Pode ter um grande efeito na minha carreira. E acho que isso é uma espécie de mensagem [...] Minhas razões para fazer esse esclarecimento são pessoais. Mas eu continuarei tratando as mulheres como sempre tratei, como iguais e meus pares. Continuarei trabalhando próximo a elas. Espero que isso sirva de aviso para que nós tenhamos cuidado ao acusar e sermos acusados. Se um tablóide como o National Enquirer publicasse uma história como essa, eles geralmente colocariam a acusação e o comentário do acusado. Agora, estamos em uma situação onde um jornal da indústria está fazendo uma história mas não compartilha ela com você e encontra a necessidade de pegar alguém da minha reputação na indústria depois de todos esses anos para publicar a história. Como se estivessem prestando um serviço e não explorando a situação [...] Espero que o movimento continue a crescer, mas que também haja um certo cuidado demonstrado nas acusações e como elas são feitas".

    A entrevista de Douglas encontra alguma ressônancia com alguns dos trechos da polêmica carta-aberta coassinada por Catherine Deneuve no Le Monde, que denuncia a movimentação atual como uma espécie de caça às bruxas, onde profissionais da indústria acabariam tendo suas carreiras prejudicadas por causa de acusações infundadas e/ou desmedidas. Ao lado de outras 100 mulheres, a musa do cinema francês condenou o estupro e o abuso, mas também declarou que a avalanche de denúncias é uma "onda de puritanismo" que serve aos interesses dos inimigos da liberdade sexual e de expressão e dos extremistas religiosos. O texto foi abertamente criticado por associações feministas francesas e pela cineasta e atriz Asia Argento, uma das vítimas de Weinstein.

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