Nas tentativas de explorar as esperanças e medos do espírito humano, o cinema de ficção científica sempre foi, na sétima arte, uma das melhores maneiras se confrontar com nossas próprias ansieades sobre o futuro. Enquanto mais um ano começa, líderes mundiais provocam uns aos outros para decidir quem tem o maior "botão nuclear", analistas projetam que o panorama de desemprego no Brasil não irá melhorar consideravelmente em 2018 e o aquecimento global dá novas novas demonstrações de força.
É fácil ficar pessimista diante de um cenário assim e o cinema não ajuda a tranquilizar ninguém neste sentido, vide as constantes tramas sobre futuros distópicos.
Para comparar o atual estado das coisas no mundo real com o futuro imaginado por produções cinematográficas, o jornal britânico The Guardian reuniu quatro filmes que imaginaram como seria o ano de 2018. "Spoiler": O cinema previu gravidez no espaço sideral e nazistas na lua.
Deu a Louca nos Nazis (2012), de Timo Vuorensola
Neste filme assumidamente trash, imagina-se um mundo no qual o nazismo foi extirpado da Terra, mas mesmo assim não deixou de existir. Para que a ideologia de supremacia ariana sobrevivesse ao fim da Segunda Guerra Mundial, tropas alemãs se esconderam no lado oculto da lua e aguardaram mais de 70 anos para, em 2018, voltarem ao planeta dispostos a instalar o Quarto Reich.
A comédia pastelão de baixo orçamento ridiculariza a ideia de que um grupo supremacista pode ganhar tanta força e sonhar em conquistar corações e mentes — seria preciso ser lunático para isso. Entretanto, o ano de 2017 provou que o neonazismo está mais vivo do que nunca, como visto em passeatas de extrema-direita nos Estados Unidos e na Europa.
O Espaço Entre Nós (2017), de Peter Chelsom
Boa parte deste romance com doses de sci-fi e drama se passa no ano de 2034, mas o ponto de partida se dá 2018, quando uma astronauta viaja para Marte sem saber que gerava uma vida dentro de si. A Nasa não faz testes de gravidez? O bebê nasce no planeta vermelho, o que faz dele o primeiro "marciano" da História. Asa Butterfield interpreta a versão adolescente do jovem pioneiro, chamado Gardner. Cansado da solidão, o menino foge para Terra, onde busca o primeiro amor.
Por mais que não explore adequadamente as muitas questões que levanta, o roteiro do filme pode fazer o espectador refletir — por conta própria — sobre os limites éticos daquela situação e sobre a cidadania daquele rapaz. No final de 2017, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, assinou a "Diretiva de Política Espacial 1" e anunciou a intenção de levar o homem de volta à Lua pela primeira vez desde 1972 para "estabelecer as fundações para uma eventual missão a Marte".
Rollerball - Os Gladiadores do Futuro (1975), de Norman Jewison
Um típico filme B, Rollerball usa um esporte violento como metáfora para simbolizar o caráter nocivo do entretenimento vulgar que pode ser usado pelas elites para manter a ordem social. No filme, o roteiro de William Harrison critica as grandes corporações e a sociedade do espetáculo em uma trama ambientada em um cínico e distópico ano de 2018. Como o The Guardian menciona, é possível relacionar crítica proposta pelo filme de Jewison com um caso que causou controvérsia mundial logo nas primeiras horas de 2018. O vlogger Logan Paul, um dos mais famosos dos Estados Unidos, foi repreendido pela opinião pública após filmar o que aparentava ser o corpo de um suicida na floresta de Aokigahara, no Japão. Seja em Rollerball ou no YouTube, vale tudo pela audiência (ou views).
O Exterminador do Futuro - A Salvação (2009), de McG
Com Christian Bale no papel de John Connor, um dos filmes mais fracos da franquia Terminator criada por James Cameron se passa no ano de 2018. Se no filme a resistência precisa enfrentar a ameaça mortal da Skynet, no mundo atual um país como a Arábia Saudita concedeu cidadania para para um robô. A inteligência artificial vai causar a derrocada da humanidade como conhecemos? Meu, isso é muito Black Mirror. E muito Ex_Machina: Instinto Artificial também.