Não inclua a atriz e diretora Jodie Foster (Jogo do Dinheiro, Black Mirror) no grupo de fãs dos filmes de super-heróis. Em entrevista ao site Radio Times (via Deadline), a estrela de Hollywood foi categórica e revelou que não tem interesse algum por produções como as da Marvel e da DC e que estas são responsáveis por acabar com os hábitos de consumo dos cinéfilos norte-americanos e do planeta:
"Ir ao cinema se tornou algo como ir a um parque de diversões [...] A produção de péssimo conteúdo por parte dos estúdios para agradar às massas e aos seus acionistas é como explorar o solo — você consegue o melhor retorno no momento mas também acaba com a terra [...] Estes filmes estão arruinando os hábitos de consumo da população estadunidense e, no fim das contas, de todo o mundo", finalizou Foster.
A protagonista de O Silêncio dos Inocentes, por outro lado, não rejeitaria um roteiro protagonizado por um super-herói complexo. De acordo com a realizadora, seu cinema é uma forma de expressão - ou de crescimento - pessoal. Na sua visão, os espetáculos padrozinados de Hollywood seriam apenas máquinas de gerar lucro, o que certamente não abre espaço para a autoralidade do diretor - vide o caso da demissão da dupla Phil Lord e Chris Miller de Solo - encarregado da obra.
Logo que Foster emitiu seus comentários, vários críticos ao pensamento da atriz e cineasta se manifestaram, incluindo James Gunn. O diretor da saga Guardiões da Galáxia concedeu que compreende e respeita a maneira de pensar de sua colega, mas também não deixou de tecer ressalvas às declarações: "Foster vê o cinema de uma forma antiquada, onde os espetáculos não podem ser inteligentes. Frequentemente é verdade, mas nem sempre. Sua crença é comum e não é infundada. Digo isso porque muitos dos filmes de estúdios não têm alma - e isso é um perigo para o futuro do cinema. Mas existem exceções. Para que o cinema sobreviva, é preciso que os filmes espetaculares tenham uma visão e um coração que tradicionalmente não têm. E alguns de nós estão se esforçando ao máximo nessa direção. Criar espetáculos que são inovadores, humanos e inteligentes é o que me empolga".
Ainda que 2017 tenha sido dominado por franquias que tiveram certo êxito nas bilheterias, mas falharam em garantir o apoio de alguns de seus fãs mais antigos, o ano passado também apresentou um exemplar de cinema de super-herói que - a julgar pelas declarações acima - agrada tanto a Foster quanto a Gunn: Logan. A obra de James Mangold, que traz a derradeira interpretação de Hugh Jackman para o Wolverine conquistou plateia e críticos, que elogiaram o filme por sua profundidade dramática e psicológica. No fim das contas, Logan foi selecionado para inúmeras listas de melhores de 2017, incluindo a do AdoroCinema.
Com o desenvolvimento dos universos cinematográficos e as grandes arrecadações geradas pelos blockbusters hollywoodianos, é evidente que estas produções continuarão seguindo no mesmo ritmo por algum tempo. Por outro lado, mesmo com perspectivas divergentes, é possível perceber que a fôrma dos super-heróis tem seus críticos dentro do sistema, o que certamente pode ser benéfico para o futuro criativo do gênero. Mas e aí, qual é a sua opinião quanto às visões de Foster e de Gunn?