Montanha-russa DC
O Universo Estendido DC viveu uma verdadeira montanha-russa em 2017. Mulher-Maravilha surgiu como salvação: mais claro e divertido sem perder a urgência, tendo a relevância de uma mensagem feminista que representou as mulheres e tocou muitos homens, o filme se tornou a maior bilheteria do universo compartilhado devido a uma longa sustentação nos cinemas (efeito positivo do boca a boca) e por não ter provocado a ira de ninguém — pelo contrário. E então estreou Liga da Justiça... Apesar de repetir o acerto da maior luminosidade e do aparente bom trabalho de Joss Whedon, conferindo dinamismo ao longa-metragem, seu humor radicalizado incomodou um bocado (principalmente os fãs do Batman) e o CGI fez vergonha. Sobrou para Jon Berg, que deixará o cargo de presidente conjunto da DC Films, e Geoff Johns, diretor criativo que não será mais creditado como produtor do UEDC e servirá apenas como conselheiro dos filmes da divisão da Warner. Agora é esperar pelos novos nomes fortes do projeto, sem muita expectativa por Aquaman, e uma única certeza sobre a concorrente da Marvel: a incerteza.
Mulheres na direção dos blockbusters
O ano foi péssimo para os galãs recentes de Hollywood. Brad Pitt não emplacou com Aliados e War Machine, Tom Cruise flopou feio com A Múmia e Feito na América, George Clooney só é criticado por Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso. Na contramão, a Mulher-Maravilha que foi sucesso em 2017 marcou um novo momento para as mulheres em Hollywood no momento em que escalou Patty Jenkins na direção: há espaço para as mulheres no comando dos grandes blockbusters. Quem duvida, que se lembre da trajetória da premiada Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror) ou apenas confira seu novo filme, Detroit em Rebelião, e ateste o vigor de seu cinema. Por fim, lembremos dois excelentes filmes favoritos ao Oscar 2018 dirigidos por elas: Lady Bird - A Hora de Voar, de Greta Gerwig; e Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi, de Dee Rees.
A molecada invade o cinema brasileiro
O ano termina estranho para o cinema nacional. Apenas três filmes lançados em 2017 ultrapassaram a marca de 1 milhão de espectadores: Polícia Federal - A Lei é Para Todos, Detetives do Prédio Azul (D.P.A.) - O Filme e Os Parças, com Minha Mãe é uma Peça 2, de 2016, tendo vendido 5 milhões de ingressos esse ano. Nesse mesmo cenário de desgaste das comédias e youtubers ainda aquém do que se espera deles, os filmes infantojuvenis de teor familiar tiveram destaque, com D.P.A. e Meus 15 Anos combinando para 2 milhões de espectadores e Fala Sério, Mãe! Eis o indicativo de um mercado aberto no país desde que Renato Aragão e Xuxa Meneghel pararam de lançar filmes em período de férias escolares, há mais de uma década. Um bom produto é sucesso na certa!
A política também domina o circuito
A maior bilheteria dentre os lançamentos de 2017 aponta o outro nicho forte nos últimos meses: os filmes sobre política. Além de Polícia Federal, os cinemas exibiram Real - O Plano Por Trás da História e O Jardim das Aflições. Apesar do viés ideológico alinhado, estes filmes não tiveram o sucesso de público de Marcelo Antunez, mas ainda existe um rescaldo de longas-metragens prontos para as eleições 2018: O Candidato Honesto 2: O 'Impitchiment', que estreia no dia 2 de agosto; e O Doutrinador, 6 de setembro. Ambos às vésperas da votação pelo próximo Presidente da República do Brasil.
A supremacia do streaming
Apesar de todos os conflitos, o streaming venceu! O grande vencedor do Emmy 2017 foi The Handmaid's Tale (foto acima), do Hulu, enquanto a Netflix levou quatro prêmios importantes com Master of None, Black Mirror e The Crown. Além do aspecto criativo, o Nielsen revelou ontem que Bright atropelou todas as críticas negativas e foi visto por mais de 11 milhões de assinantes somente nos Estados Unidos, o que representaria o 9º maior lançamento do ano no país e denota a confiança do público nas produções originais da gigante californiana. Por fim, o aspecto que define a hegemonia das novas plataformas: o domínio financeiro. Nem precisa esmiuçar o gasto de produção excessivo de uma atração simples como 13 Reasons Why. Citemos a Amazon, que desembolsou a fortuna de US$ 200 milhões pelos direitos (!!!) do universo de O Senhor dos Anéis. Uma série assim precisa atrair mais de bilhão de reais (talvez dólares) em assinatura para retornar seus custos de adaptação, produção e marketing. Obsceno!