Blade Runner 2049 foi um dos filmes mais singulares de 2017: Um blockbuster orçado em US$ 150 milhões com pretensões artísticas mais densas do que se costuma assitir em filmes do tipo. Por mais que o público não tenha concedido o retorno comercial à altura do resultado visto nas telas, a sequência de Blade Runner, O Caçador de Androides (1982) foi celebrada pela crítica por revisitar o universo apresentado por Ridley Scott três décadas antes com reverência e inovação.
Denis Villeneuve, responsável pela direção de Blade Runner 2049, concedeu uma entrevista para o site Indiewire onde falou sobre a experiência em um filme de orçamento multimilionário, sobre os cineastas que admira e sobre a nova versão de Duna.
"Eu perdi a minha virgindade com Blade Runner", afirmou o cineasta canadense sobre a experiência de trabalhar para um grande estúdio. "Foi uma experiência realmente intensa, foi imenso. Eu costumo trabalhar com uma equipe pequena, mas tive que influenciar, ditar, informar e inspirar muitas pessoas a andarem na mesma direção — eu aprendi muito sobre como gerenciar a criatividade de centenas, milhares de pessoas. E agora eu quero encontrar formas mais eficientes de me comunicar no futuro."
Villeneuve elogiou o trabalho de outro cineasta que realiza blockbusters ambiciosos, o britânico Christopher Nolan, de A Origem, Dunkirk e trilogia O Cavaleiro das Trevas. "Christopher Nolan é um diretor impressionante porque ele é capaz de manter sua identidade e criar seu próprio universo em grande escala. Trazer conceitos intelectuais e os apresentá-los em grande escala na tela atualmente é muito raro. A cada filme que ele faz, mais admiro seu trabalho", disse Villeneuve.
O diretor de A Chegada, Os Suspeitos e Incêndios ainda mencionou dois diretores aparentemente opostos — um europeu e outro americano, um do cinema "de arte" e outro que é mestre dos blockbusters — como influências. "Há dois cineas que são imensas fontes de inspiração para mim: Ingmar Bergman e Steven Spielberg, por motivos diferentes", comentou Villeneuve. "Ingmar me causou um dos maiores choques artísticos da minha vida. Spielberg, desde o começo, me inspirou por ser um gênio enquanto diretor de cinema."