Você sabia que a criação da Mulher-Maravilha nos quadrinhos muito tem a ver com o relacionamento poliamoroso de seu criador, que também foi o responsável pelo surgimento do detector de mentiras?
A história de William Moulton Marston e seu incomum relacionamento com a esposa Elizabeth e a amante Olive Byrne é o tema central de Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas, que chega hoje ao circuito brasileiro. O AdoroCinema visitou o set de filmagens em Boston, onde pôde conversar com o protagonista Luke Evans. "É fascinante, não consegui acreditar que esta é uma história verdadeira. Ter inventado o detector de mentiras já seria o suficiente para uma pessoa, mas criar também a Mulher-Maravilha durante uma vida curta, uma vez que ele morreu ainda jovem, é impressionante!"
Confira abaixo os principais destaques da conversa com o ator!
RELACIONAMENTO POLIAMOROSO
"É uma dinâmica fascinante desse homem que ama duas mulheres que se amam tanto quanto o amam. Um trio de pessoas que precisou viver fora dos radares por causa dos preconceitos da sociedade, uma relação de muito amor e apoio", afirma Luke Evans.
"Tivemos muita sorte de nos conectar muito rápida, autêntica e facilmente", disse o ator, se referindo ao trabalho ao lado de Rebecca Hall e Bella Heathcote. "Há uma grande autenticidade no que fizemos e também porque precisamos representar uma parte da sociedade que não é muito conhecida. O poliamor existe e conheço pessoas que fazem parte de relações como essa. Mas não é algo que estamos acostumados a ver, especialmente na época em que o filme se passa, nos anos 30 e 40. Isso não acontecia naquela época e, se acontecesse, era preciso esconder isso. Para Marston, uma pessoa tão pública, que criou o detector de mentiras e depois a Mulher-Maravilha, foi complexo."
A VIDA EM TRÊS
"Elizabeth era incrível, muito forte e é brilhantemente interpretada por Rebecca Hall, uma atriz formidável. Você vê essa interação entre os dois e vê como ela muda quando essa nova pessoa, Olive, chega com essa energia diferente. Ela força os dois a se reavaliarem, a reavaliarem suas visões sobre o amor e sobre a paixão. Eles não se importavam com o politicamente correto da época", afirma Luke Evans, destrinchando melhor como foi recriar o relacionamento a três no filme.
"Você os vê passando por todos esses estágios de amor, paixão, experimentação e descoberta. Não só a parte do poliamor, mas também as descobertas científicas que realizaram. Além disso, Marston passa também pelo processo de ter que alimentar seus filhos e de ter que gerenciar sua vida com duas mulheres. Para onde ele vai a partir daí? O que você descobre? Acho que foi assim que a Mulher-Maravilha nasceu", complementa.
SER DIRIGIDO POR UMA MULHER
Pela segunda vez na carreira, Luke Evans foi dirigido por uma mulher no cinema - Angela Robinson comanda Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas. Teve alguma diferença?
"Não é melhor nem pior, é apenas diferente. Há uma energia diferente. Ao interpretar um dos primeiros feministas estadunidenses, tive que entender melhor as mulheres, tive que entender como ele via as mulheres, em uma época onde elas não podiam votar e onde o controle de natalidade era uma coisa que não podia ser debatida. As mulheres não podiam estudar em Harvard. Ele viu tudo isso acontecer."
"Angela é uma ótima roteirista, sabe trabalhar os detalhes muito bem e retrata o período com brilho, retrata bem a frustração das mulheres da época. A partir da perspectiva de uma mulher, o filme ganhou mais cores porque esta é uma história sobre mulheres fortes [..] As cineastas mulheres entendem o que querem fazer de maneira muito diferente dos homens. Elas não precisam gritar. Elas têm ferramentas que os homens não sabem usar. E funciona sempre."