Liga da Justiça tinha tudo para ser um marco nas adaptações dos quadrinhos da DC Comics para os cinemas. Depois dos contestados Batman Vs Superman - A Origem da Justiça e de Esquadrão Suicida, o Universo Estendido da DC (DCEU, na sigla em inglês), começava a dar sinais de recuperação do prestígio com a crítica com o lançamento de Mulher-Maravilha.
O bom momento alavancado pelo filme de Patty Jenkins foi por água abaixo com a chegada de Liga da Justiça, que prometia ser uma resposta a Os Vingadores - The Avengers (2012) com o primeiro encontro entre alguns dos principais heróis da DC Comics, mas foi um filme confuso, com um vilão genérico e marcado por um processo de produção conturbado. O mau resultado foi tão visível quanto os fracos efeitos especiais usados para remover digitalmente o bigode de Henry Cavill.
Com uma produção orçada em aproximadamente US$ 300 milhões de dólares (mais US$ 150 milhões de gastos com marketing), o filme arrecadou apenas US$ 572 milhões nas bilheterias mundiais. É importante lembrar que esta receita não vai inteira para os cofres da Warner Bros. Apenas 52% do valor arrecado na América do Norte e aproximadamente 38% do dinheiro arrecadado nos demais territórios retorna para a companhia. Segundo analistas de mercado entrevistados pela revista Forbes, o filme pode fazer a companhia perder entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões.
Diante do fiasco, restou à Warner Bros. mover as peças do DCEU e tentar repensar posições para os próximos filmes da empreitada. Segundo informações da revista Variety, Jon Berg deixará seu cargo como presidente conjunto da DC Films, divisão da DC Comics que cuida dos filmes do universo compartilhado e é supervisionada pela Warner. Berg ocupava o cargo ao lado de Geoff Johns, que também é (e continuará sendo) diretor criativo da DC Entertainment. Johns já trabalhou com quadrinhos, séries de TV e filmes. Segundo a publicação, Johns terá apenas um papel de conselheiro dos próximos projetos, mas é "improvável" que ele e Berg sejam creditados como produtores dos próximos filmes do DCEU.
Ao longo dos anos, diversas figuras já foram apresentadas pela Warner como os produtores principais do Universo Estendido da DC. Zack Snyder, diretor de O Homem de Aço, Batman Vs Superman e Liga da Justiça, foi uma dessas pessoas, mas aos poucos a visão do cineasta foi perdendo espaço. Charles Roven (produtor da trilogia O Cavaleiro das Trevas) já ocupou a vaga de "produtor geral", mas também foi destituído da função. Atualmente, a DC não conta com uma figura como a de Kevin Feige, presidente, produtor e supervisor de todos os projetos da Marvel Studios.
Berg continuará trabalhando para a Warner Bros, mas agora será um "parceiro de produção" de Roy Lee, produtor de Uma Aventura LEGO e It - A Coisa. "Jon me procurou há seis meses e expressou seu desejo de ser um dos produtores do estúdio", contou Toby Emmerich, presidente da Warner Bros. Picture Group, em um comunicado ao site Variety.
Segundo fontes do site, Emmerich deseja remover as subdivisões que separam a Warner Bros. da DC Films e ter mais controle sobre os filmes do DCEU. Uma das medidas para diminuir a autonomia da DC FIlms seria colocar as duas companhias no mesmo prédio, o que pode ocorrer já em janeiro de 2018.
Ainda segundo a Variety, a gigante Time Warner, conglomerado de mídia que é dono da Warner Bros., está insatisfeita com o resultado comercial de Liga da Justiça e apoia as mudanças para o futuro. Apesar do desempenho ter desapontado os executivos, sucessos como Dunkirk, It - A Coisa e, é claro, Mulher-Maravilha, ajudaram a Warner Bros. a ultrapassar a marca de US$ 5 bilhões arrecadados nas bilheterias pela segunda vez na história do estúdio.
Segundo a Variety, os executivos da Warner não gostaram da primeira versão de Liga da Justiça assinada por Zack Snyder por ser sombria demais. Quando a filha do cineasta cometeu suicídio e Snyder se afastou do projeto, ficou à cargo de Joss Whedon (de Os Vingadores e Vingadores: Era de Ultron) dirigir as refilmagens e cuidar da pós-produção. Nesta fase, os executivos notaram que não poderiam mudar tudo que Snyder já tinha feito e gostariam de alterar pois muitas cenas já haviam sido filmadas.
Um dos pontos que mais desagradava a Warner no filme foi a decisão de Snyder de escolher o Lobo da Estepe, criado inteiramente por CGI, como vilão principal do filme. Antes mesmo do início das filmagens a Time Warner estava "frustrada" com a Warner Bros. por insistir em Snyder como realizador do filme, diz a matéria. Atualmente, não está nos planos do estúdio entregar a direção de nenhum novo projeto para o cineasta, que continuará atuando como produtor.
Ben Affleck deve aparecer em Flashpoint, filme solo do herói vivido por Ezra Miller, mas a Variety informa que é "muito improvável" que o ator seja o protagonista de The Batman, filme solo do Homem-Morcego que será dirigido por Matt Reeves. O diretor estaria em busca de um talento novo para o papel de Bruce Wayne.