Quando chega o fim do ano, os críticos do AdoroCinema já viram centenas de filmes, literalmente. É difícil e prazeroso sentar, rever os títulos e começar a separar aqueles que mais nos marcaram. Partindo das escolhas pessoais dos seis críticos do site, chegamos à lista final. Poderiam ser escolhidos quaisquer filmes lançados comercialmente no Brasil em 2017, ou concebidos diretamente para plataformas digitais.
Mesmo com opiniões muito diferentes de cada crítico, a seleção final chama a atenção por alguns motivos: primeiro, porque destaca as melhores iniciativas de fazer filmes ousados dentro do sistema de estúdios americano, segundo, porque privilegia narrativas progressistas abertas aos debates sobre sexualidade, gênero e raça, e terceiro, por incluir duas animações independentes, fora dos padrões: uma delas é completamente sem diálogos, a outra, em stop motion, feita na França.
Descubra a seguir os títulos e um trecho da crítica produzida sobre cada filme do top 20. Nas páginas seguintes, você conhece as escolhas pessoais de todos os participantes da redação, incluindo editores, redatores e estagiários.
20º A Tartaruga Vermelha (França / Bélgica / Japão)
Direção: Michael Dudok de Wit
"Extremamente delicado e poético, A Tartaruga Vermelha brilha pela qualidade da animação, pela dinâmica do silêncio empregada e por tão bem retratar o ciclo da vida inerente a todos. Contemplativo sem jamais cansar, trata-se de um libelo ao amor e à natureza, contado a partir da história de uma vida". Leia a crítica completa, escrita por Francisco Russo.
19º O Outro Lado da Esperança (Finlândia / Alemanha)
Direção: Aki Kaurismäki
"O humor é exemplar: para todos os indivíduos sugerindo que 'hoje não dá para fazer piada com nada, tudo está sério demais, todo mundo se ofende', basta assistir a esse projeto e descobrir que existe um efeito muito diferente quando se faz chacota do oprimido e quando se extrai humor do opressor e do próprio sistema". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
18º Uma Mulher Fantástica (Chile / Alemanha / Espanha / Estados Unidos)
Direção: Sebastián Lelio
"Um painel vasto e afetuoso sobre a transexualidade, descrevendo uma série de agressões físicas e psicológicas diárias, que vão desde a ignorância alheia (um médico não sabe se a chama pelo nome social ou de batismo) até ataques motivados pelo ódio. Estas cenas combinam observação e denúncia, ou seja, vão da apreensão da realidade à interpretação da mesma". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
17º Jackie (Estados Unidos)
Direção: Pablo Larraín
"O texto aqui é de suma importância e Larraín mostra o domínio técnico necessário para que a imagem não fique atrás (afinal, é de cinema que estamos falando). Se um assunto começa num quadro, ele muda o cenário, troca o enquadramento, e os personagens não perdem o fio do raciocínio". Leia a crítica completa, escrita por Renato Hermsdorff.
16º Lady Macbeth (Reino Unido)
Direção: William Oldroyd
"Florence Pugh é uma revelação estupenda que tem, simplesmente, uma das melhores interpretações do ano. A jovem atriz transita entre o olhar insolente e a convincente embriaguez de uma jovem rebelde à determinação de uma senhora que vai se tornando gradativamente mais dura. Dessa forma, o feminismo latente no texto de Birch ganha uma abordagem corajosa". Leia a crítica completa, escrita por Rodrigo Torres.
15º Dunkirk (Estados Unidos / França / Reino Unido / Holanda)
Direção: Christopher Nolan
"Como proposta visual, Dunkirk é excelente. O diretor tem plena consciência dos ângulos, lentes e movimentos de câmera adequados para provocar a máxima experiência de tensão. O cenário da guerra é captado de maneira ao mesmo tempo grandiosa, pela amplitude das praias, mares e céus, e também intimista, por se focar em dramas humanos pontuais, silenciosos, envolvendo a vida de anônimos". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
14º Toni Erdmann (Alemanha / Áustria)
Direção: Maren Ade
"É fácil gostar de Toni Erdmann. Trata-se de um filme bem humorado que prega sentimentos positivos, conquistados através da sedução do rancoroso após muita insistência. A luta incessante somada à relação conturbada entre pai e filha, um tema sempre exponencial por envolver família, completa o serviço". Leia a crítica completa, escrita por Francisco Russo.
13º Manchester à Beira-Mar (Estados Unidos)
Direção: Kenneth Lonergan
"Um longa pesado sobre perda e recomeço, contando com um roteiro que transborda sensibilidade e humanidade. Trata-se de uma obra extraordinária sobre a vida e seus percalços. Sobre o amor, mas também sobre a dor, que por vezes é tão insuportável que transforma pessoas". Leia a crítica completa, escrita por Lucas Salgado.
12º Clash (Egito / França)
Direção: Mohamed Diab
"O roteiro propõe um debate político repleto de nuances, impedindo que os indiciados sejam reduzidos à caricatura de suas funções. Entre os manifestantes pró-exército, existem pontos de vista distintos, assim como os membros da Irmandade Muçulmana discordam entre si sobre as medidas a tomar naquele momento. O cineasta evita defender um lado específico, enquanto permite a todos expressarem suas opiniões". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
11º No Intenso Agora (Brasil)
Direção: João Moreira Salles
"No Intenso Agora se limitaria à nostalgia caso constituísse um 'filme sobre política'. Entretanto, Moreira Salles questiona a imagem da política: a lacuna entre a teoria política e sua prática é comparada com a lacuna entre o mundo e a representação do mundo. O próprio diretor se encarrega da análise em voz off, unindo tempos e cenários distintos numa linha de pensamento única". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.