Um questionamento frequente em relação aos festivais de temática LGBT é a presença massiva de homens brancos e gays, em relação às lésbicas e transexuais.
Na reta final do 25º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, tivemos a oportunidade de assistir a três filmes completamente diferente sobre a (homo/bi/trans)sexualidade feminina. A qualidade deles também variou bastante...
A mulher é um mistério
Conversa Fiada, de Huang Hui-chen, foi o melhor filme que vimos em todo o festival. O documentário, representante de Taiwan na corrida ao Oscar 2018, traz a diretora investigando o passado da própria mãe, uma mulher assumidamente lésbica que nunca demonstrou carinho pelas duas filhas.
Através de uma lenta aproximação, a filha tenta compreender as motivações e traumas da mãe, enquanto expõe seus próprios segredos. As cenas são tão simples quanto dolorosas, revelando as derivas mais perversas da sociedade machista e patriarcal.
Leia a nossa crítica.
A mulher é uma fábula
As Misândricas, de Bruce LaBruce, imagina o mundo distópico onde uma seita feminista radical acolhe em segredo um soldado ferido. A presença do inimigo desencadeia uma série de brigas e segredos entre as moradoras...
Como um O Estranho que Nós Amamos às avessas, com muito humor trash, o diretor explora a pluralidade do pensamento feminista nesta alegoria do engajamento político. A possibilidade de chegar ao circuito comercial brasileiro é ínfima, embora os cinemas nacionais pudessem se beneficiar de uma comédia inteligente e corrosiva como esta.
Leia a nossa crítica.
A mulher é um circo
Minha Mãe é Cor-de-Rosa, de Cecilie Debell, amargou o dia. No documentário dinamarquês, uma mãe libertária e seu filho, um performer queer, viajam pela Europa atrás das raízes familiares. Sabemos que existe um passado doloroso entre eles, porém o filme está muito mais interessado na aparência multicolorida e exótica da dupla.
Assim, cada nova cena reforça a sensação de deboche e preconceito com as diferenças. O filme ridiculariza mãe e filho, sem jamais tentar compreender suas motivações, suas dores e sua história. Esta foi a maior debandada que vimos no festival, com dezenas de pessoas abandonando a sessão ao longo dos míseros 75 minutos de duração. Uma escolha questionável para a boa mostra competitiva do Mix Brasil.
Leia a nossa crítica.
Confira as críticas do AdoroCinema sobre os filmes do 25º Mix Brasil:
A Moça do CalendárioAfter Louie
Aqueles que Fazem a Revolução Pela Metade Apenas Cavam as Suas Próprias CovasAs Misândricas
Berenice ProcuraCasa da XicletConversa Fiada
Meu Nome é JacqueMinha Mãe é Cor-de-RosaMinha Maravilhosa Berlim Ocidental