John Lasseter, o maior nome da animação em Hollywood nas últimas duas décadas, é o mais novo acusado de assédio na indústria. Diante da iminência da publicação de uma matéria do Hollywood Reporter sobre seu comportamento abusivo, o fundador da Pixar, criador da franquia Toy Story e chefe da Disney Animation publicou uma carta pedindo desculpas por sua conduta, e declarando seu afastamento dos estúdios.
"Recentemente, tenho recebido conversas que tem sido muito difíceis para mim. Nunca é fácil encarar seus deslizes, mas é o único modo de aprender a partir deles", assina Lasseter, revelando que tem refletido sobre sua atuação como líder e que tem ouvido que algumas pessoas se sentiram desrespeitadas e desconfortáveis por seus modos. "Essa nunca foi minha intenção. Coletivamente, vocês são o meu mundo, e eu me desculpo profundamente se os decepcionei", declarou.
Segundo o THR, John Lasseter é um homem conhecido por abraçar seus empregados e outros colegas do mundo do entretenimento. Porém, entre os funcionários da Disney/Pixar, ele também é famoso por "pegar, beijar e fazer comentários sobre os atributos físicos das pessoas". Diversas fontes afirmaram que o cineasta é conhecido por beber excessivamente nos eventos sociais da empresas e nas pré-estreias dos filmes do estúdio, mas que seu comportamento indevido nunca se limitou a essas ocasiões.
Os "avanços indevidos" do cineasta teriam motivado Rashida Jones (Parks and Recreation) e seu colaborador Will McCormack a deixar a produção de Toy Story 4 em sua fase inicial. Eles seguem creditados como roteiristas do longa-metragem, e não quiseram comentar o suposto assédio de Lasseter. A princípio, o afastamento deles teve como justificativa um chavão de Hollywood: "diferenças criativas".
A Pixar nasceu como uma divisão de animação gráfica pertencente à Lucasfilm. Ao lado de Ed Catmull, Lasseter popularizou o CGI na animação lá nos anos 90, por filmes como Toy Story - Um Mundo de Aventuras e Vida de Inseto. Em 2006, quando a Pixar foi comprada pela Disney, ele se tornou diretor do setor criativo dos dois estúdios. Sob sua chefia, uma companhia recém-criada virou referência e se tornou bilionária, enquanto a outra recuperou um prestígio há anos perdido.
"Sempre quis que nossos estúdios de animação fossem locais em que os criadores pudessem explorar sua visão com o apoio e a colaboração de outros talentosos animadores e contadores de histórias. Esse tipo de cultura criativa exige vigilância constante para se manter. É construída sobre confiança e respeito, e se torna frágil se algum membro da equipe não se sente valorizado. Como líder, é minha responsabilidade garantir que isso não aconteça; e agora eu acredito que falhei nesse sentido", publicou Lasseter.
O cineasta, então, anunciou um período sabático de seis meses. Revelando orgulho de seus funcionários, ciência de que eles seguirão realizando um trabalho incrível, desejando sucesso no período de festas do fim do ano e esperando voltar a trabalhar com eles de novo em 2018.
Será que ele volta?