O relato de Ellen Page sobre abusos sofridos em Hollywood estimulou o ator Daniel Franzese a revelar as agressões cometidas contra ele por Bijou Phillips durante a produção de um filme de Larry Clark (muito curiosamente) intitulado Bully - Juventude Violenta. Em seu longo e detalhado relato, ele descreve humilhações da atriz ao seu corpo e à sua orientação sexual, que se estenderam da esfera verbal para a física.
"Durante as filmagens, ela ficava o tempo todo dizendo alto 'Você é gay?', e sorrindo, enquanto os produtores e o diretor de fotografia não faziam nada para pará-la, mas alguns do elenco, como Michael Pitt e Brad Renfro, pediam que ela calasse a boca, mas ela continuava", escreveu o Damian de Meninas Malvadas, via Facebook. "Eu era heterossexual no filme e [me posicionava assim] na vida, então temi pelo meu emprego, pois era o meu primeiro filme", explica o ator, que respondeu às provocações da colega de elenco dizendo que era bissexual.
As agressões continuaram quando Daniel Franzese teve de fazer uma cena sem camisa e Bijou Phillips disse que seu corpo era nojento. "Era um momento extremamente vulnerável pra mim, pois eu não era o tipo de cara confortável em tirar a camisa na frente de ninguém naquele ponto da minha vida. Eu era o garoto gordinho que permanecia de camisa na piscina", conta o ator.
O bullying arrasou Franzese, que foi consolado pelo saudoso Brad Renfro. Então namorado de Bijou Phillips, Nick Stahl a repreendeu pela atitude, e ela prometeu se desculpar. Por meio de outra pessoa, a atriz pediu que Daniel fosse ao trailer dela em determinada hora do dia — apenas para seguir em sua doentia perseguição: "Quando abri a porta, ela estava sobre o Nick e parecia estar fazendo sexo. Ela riu e eu bati a porta. O olhar de Nick sugeria que ele não sabia que eu estava para entrar, mas o dela sugeria que ela sabia."
Mais tarde, Phillips puxou Franzese de canto para se desculpar. Deu um motivo qualquer para o ator, dizendo que ele lembrava outra pessoa, torceu o seu mamilo fortemente e saiu sorrindo. Apesar de ter parado de falar com a atriz, ele voltaria a ser agredido fisicamente:
"Quando filmamos uma de nossas últimas cenas em um tribunal, ela estava andando descalça e a sola de seus pés estavam pretos de sujos. Ela estava sentada atrás de mim e ficava passando seus pés sujos no meu pescoço. Eu arrastava a cadeira para me afastar dela e ela me chutou o mais forte que pode atrás da minha cabeça. Até hoje eu não sei se não tive uma concussão, pois fiquei por um tempo atordoado, tonto", ele descreve.
Daniel Franzese conta ainda que outra pessoa foi agredida por Bijou Phillips: "No último dia de filmagens, nossa figurinista disse que Bijou queimou-a com o cigarro e eu vi Bijou arremessar uma cartela de ovos no trailer de figurino", diz o ator, que ainda observa que a atriz é creditada como responsável pela sua própria roupa no filme — complementando que "mau comportamento é constantemente recompensado em Hollywood", por isso e por ter sido convidada para fazer Quase Famosos em seguida. A vítima do abuso citado, Carleen Ileana Rosado, teria outro destino, e nunca mais trabalharia no cinema. Daniel sofreria de transtorno de estresse pós-traumático, no que seria seu primeiro e pior trabalho no cinema.
Apesar da extensão do relato, Bijou Phiillips afirma não se lembrar das acusações, mas que era uma adolescente de comportamento "irresponsável" na época de Bully. Então, se desculpou: "Sei que Daniel é uma pessoa confiável e honesta, e descobrir pelas redes sociais que eu não era a amiga que pensava ser para ele me deixou muito triste", respondeu a atriz, em entrevista ao TMZ. Por fim, ela negou ser homofóbica e disse que pediu desculpas ao colega de profissão em particular.
Hoje, Daniel Franzese é empresário, ativista influente na comunidade LGBTQ e embaixador da instituição Elizabeth Taylor AIDS Foundation, além de seguir nas carreiras de ator e comediante. Bijou Phillips está longe dos cinemas há uns anos, tendo retornado aos holofotes recentemente quando seu marido, Danny Masterson (That '70s Show), anunciou que ela tem uma grave doença nos rins. Sua estreia em longa-metragem foi no filme Preto e Branco, do diretor e roteirista acusado de abusar sexualmente de mais de 300 mulheres, James Toback.