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    Dona Flor e Seus Dois Maridos: 'Jamais eu chegaria no nível da sacanagem que está acontecendo em Brasília', comenta diretor (Entrevista exclusiva)

    Pedro Vasconcelos e o ator Marcelo Faria falam sobre a produção baseada no universo de Jorge Amado, que chega aos cinemas do sul do país no próximo dia 23. Do "apelo jovem" ao nu frontal masculino.

    Desde que foi anunciada, a refilmagem de Dona Flor e Seus dois Maridos enfrentou uma série de comparações (inevitáveis) com o longa de 1976, assinado por Bruno Barreto, que, por mais de 30 anos, ostentou o título de campeão de bilheteria do cinema nacional (até 2010, quando Tropa de Elite 2 estreou), com cerca de 10,7 milhões de ingressos vendidos.

    O diretor do remake, Pedro Vasconcelos, não parece preocupado com a analogia. Até porque ele se ocupou de fazer a sua versão. O melhor: a versão do autor, Jorge Amado. "As imagens e os planos foram tirados do livro. Todas as marcas de câmera e tudo mais foram sendo guiadas pelo texto do Jorge Amado", ele garante.

    Não faltam, portanto, momentos de erotismo, linguajar de baixo calão, até uma pincelada do machismo e da violência doméstica. "Em comparação com tudo que está acontecendo lá em Brasília, descaramento maior não há. Eu poderia ser mais o mais obsceno que eu quisesse ser nesse filme, jamais eu ia chegar no nível da sacanagem que está acontecendo ali naquele lugar", vocifera o diretor contra a atual política nacional.

    Vasconcelos (O Concurso) tem um longo histórico na TV, onde começou como ator (Top Model, Vamp) e galgou espaço entre os diretores da TV Globo. Quando conversou com a imprensa, no lançamento do filme em Salvador, no último dia 23 de outubro (o longa estreou em algumas capitais do Nordeste em 02 de novembro e chega ao restante do país no próximo dia 23), ele havia acabado de encerrar os trabalhos com a novela de sucesso A Força do Querer.

    "As transas entre Vadinho [Marcelo Faria] e Flor [Juliana Paes], Teodoro [Leandro Hassum] e Flor, passariam tranquilamente em qualquer novela das oito de hoje em dia", ele acredita. Já o nu frontal de Marcelo Faria... "É uma coisa que na televisão não cairia bem ou teria que passar duas ou três horas da manhã, com restrições. Para a TV aberta, que é um veículo que chega na sua sala, que invade a sua casa, que não pede licença e entra, existe, sim, uma necessidade de você ter um certo pudor".

    Parceiros de longa data quanto à obra (Marcelo é também o produtor de Dona Flor e ambos encenaram o texto no teatro durante mais de cinco anos), eles acreditam que o apelo da produção (livro/ filme) é "atemporal" e não distingue faixa etária. "Ele [Jorge Amado] usa a Dona Flor para fazer um retrato entre as nossas questões, entre emoção e razão, entre a divisão que existe entre todos nós, ainda mais os jovens, que estão sentindo isso pela primeira vez". "É quando a emoção está vindo muito forte e a razão vai sendo deixada de lado", contextualiza Pedro.

    "É uma história que fala de amor", resume Marcelo.

     

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