O X Janela Internacional de Cinema do Recife exibiu filmes de grande porte em seu primeiro dia, como Zama, produção histórica dirigida por Lucrecia Martel, e o belo romance Me Chame Pelo Seu Nome, multipremiado em festivais e possível concorrente ao Oscar.
No entanto, além dessas produções, o cinema São Luiz recebeu um filme esquecido pela maioria do público: Filhas do Pó, de Julie Dash. Trata-se da primeira produção de uma cineasta negra a receber distribuição comercial em seu próprio país.
Em 1991, este drama sobre mulheres negras vivendo na ilha de Ibo Landing, perto da Geórgia, passou despercebido nos cinemas. Mais tarde, foi resgatado e incluído nos arquivos da Biblioteca do Congresso Nacional norte-americano. A história homenageia a cultura africana e a força das mulheres que lutam para mantê-la viva.
As cores amarelas e a trilha sonora com harpas e tambores criam uma atmosfera particular, que inclusive "foi referência para vídeos contemporâneos como 'Lemonade', da Beyoncé", lembrou o curador do X Janela. Leia a nossa crítica. Filhas do Pó faz parte do catálogo da Netflix.
Após um história sobre o empoderamento de mulheres negras, um romance respeitoso entre dois homens e uma produção histórica questionando os homens no poder, o festival comprova seu recorte politizado e progressista.
O sábado traz títulos aguardados como A Trama, de Laurent Cantet, e Gabriel e a Montanha, de Fellipe Barbosa, além de dois clássicos sobre a representação das mulheres negras: Bush Mama e Garota Negra.
Leia as nossas críticas sobre os filmes do X Janela:
A Trama
Filhas do Pó
Gabriel e a Montanha
Me Chame Pelo Seu Nome
Zama