Blade Runner 2049 ostenta um índice de aprovação de 88% no site agregador de críticas Rotten Tomatoes e tem uma nota média de 8,5/10 entre os usuários do IMDb e de 4,2/5 entre os leitores do AdoroCinema. O prestígio entre a imprensa especializada e entre um expressivo número de cinéfilos não se converteu, entretanto, em um sucesso nas bilheterias.
Ainda assim, o filme aparenta seguir os passos de seu antecessor, o icônico Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982). Na época de seu lançamento, o sci-fi neo-noir cyberpunk de Ridley Scott também teve uma repercussão aquém da que viria nos anos seguintes, quando o filme se consolidou como um clássico definidor do cinema.
A duração do filme de Denis Villeneuve, que tem 162 minutos, já foi apontada como uma das causas para o insucesso comercial do longa-metragem, como na frágil tese de Michael Deeley, produtor do filme original. Por isso mesmo, é interessante descobrir que 2049 poderia ter sido ainda mais extenso.
O primeiro corte do filme estrelado por Ryan Gosling, Jared Leto e Harrison Ford teria quatro horas de duração, revelou Joe Walker, editor do filme, em entrevista para o site Provideo Coaliton. Walker comentou ainda que ele e Villeneuve dividiram o filme em duas partes e cogitaram lançar o filme desta maneira, com dois subtítulos diferentes.
As duas metades começavam com olhos se abrindo. Há o olho gigante no começo do filme e o segundo quando Mariette acorda e perambula pelo apartamento de K. Nós cogitamos dar títulos para cada parte do filme, mas logo desistimos. O que ficou é que o filme é como um sonho acordado. Foi uma escolha muito clara nossa em termos visuais e em termos de ritmo", contou Walker, que disse que buscou uma atmosfera "alucinógena" no corte final do filme. "É o tipo de sonho no qual você chega muito perto da verdade."
Ao contrário do que aconteceu com o filme original, que ganhou diversas versões diferentes, incluindo a celebrada versão de Ridley Scott, sem os cortes e interferências do estúdio, Blade Runner 2049 já chegou aos cinemas em sua versão definitiva. Logo, vá tirando seu unicórnio da chuva se você espera assistir a versão de 4 horas.
(Atenção, o texto a seguir conta com leves spoilers de Blade Runner 2049.)
Walker disse que cortar o filme foi um exercício muito difícil porque "se você remover qualquer peça substancial" o "edifício será destruído". No final das contas, o que ficou na sala de edição foram "muitos tecidos conjuntivos e pontes", nas palavras do montador, como uma "uma cena aérea realmente magnífica na qual K (Gosling) e Joi (Ana de Armas) voam até Las Vegas".
O editor ainda contou que levou seis meses para montar a cena na qual Ke Deckard (Ford) brigam no salão do Cassino em Las Vegas enquanto os hologramas de Elvis Presley e Marilyn Monroe se apresentam. Walker disse que a cena, uma das mais incríveis de 2049, quase ficou de fora do longa-metragem por conta disso.