Orçado em aproximadamente US$ 150 milhões, Blade Runner 2049 não deu o retorno financeiro esperado pelos executivos da Warner. Apesar de ter conquistado a crítica, o longa sofreu para chegar à marca de US$ 223 milhões arrecadados e já começa a sumir da programação dos cinemas estadunidenses. Na visão de Michael Deeley, produtor da obra original, o motivo para o fracasso da sequência é sua duração:
"O filme é longo demais. Provavelmente existem coisas que podiam ter sido cortadas e que deveriam ter sido. Não dá para arrecadar mais porque o filme só pode ser exibido três vezes ao dia por causa da duração, que é, claramente, auto-indulgente e, no mínimo e provavelmente, arrogante. É criminosa", criticou o responsável pelo set de Blade Runner, o Caçador de Andróides (via ScreenDaily).
Apesar do assertivo julgamento negativo à obra de Denis Villeneuve (A Chegada) feito por Deeley, vale ressaltar que o primeiro Blade Runner também não foi um estouro de bilheterias. Ainda que o filme de Ridley Scott seja considerado como um clássico da sétima arte nos dias de hoje, este prestígio não foi alcançado à época do lançamento, em 1982. De fato, quando estreou, Blade Runner (US$ 32 milhões arrecadados nos EUA) ficou muito atrás de seu principal concorrente na seara da ficção científica: E.T. - O Extraterrestre (US$ 359 milhões em solo doméstico).
Ainda, a extensão de Blade Runner 2049 não é tão maior do que a de alguns dos campeões de bilheteria dos últimos anos. Capitão América: Guerra Civil, por exemplo, fez mais de US$ 1 bilhão e dura quase 2h30. Avatar, apenas dois minutos mais curto que o filme estrelado por Ryan Gosling e Harrison Ford, é, até hoje, o maior longa da história em termos de arrecadação: quase US$ 2,8 bilhões. Isso sem falar no monumental ...E o Vento Levou, cujas 4h não afugentaram os espectadores - lançado em 1939, o clássico bateu a expressiva marca de US$ 400 milhões à época.
Portanto, a justificativa encontrada por Deeley pode não ser a melhor de todas - o que não faz com que o insucesso de Blade Runner 2049 deixe de ser um mistério. Enquanto alguns afirmam que a estratégia de divulgação, baseada em trailers que não fornecem maiores detalhes sobre a trama - contrariando a tendência à superexposição em voga em Hollywood atualmente -, prejudicou o longa, o que é certo é que os executivos da Warner precisarão encontrar uma forma de contornar o problema financeiro criado.
Coestrelado por Jared Leto, Ana de Armas, Robin Wright e Dave Bautista, Blade Runner 2049 segue em cartaz no Brasil.