O escândalo sexual envolvendo Harvey Weinstein parece ainda no início de uma longa jornada, e nesse capítulo ainda estão sendo revelados publicamente os dramas de mulheres subjugadas pelas investidas abusivas de um dos executivos mais poderosos da história de Hollywood. Após Rose McGowan, Lena Headey, Lupita Nyong'o, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e outras celebridades, chegou a vez de Brit Marling divulgar um longo relato sobre a sua experiência ruim com o produtor.
A atriz de The OA conta toda a sua história em artigo publicado no The Atlantic. Da influência de uma mãe presente, que a ensinou desde cedo sobre a importância de ser uma mulher independente para ser uma mulher livre. Dos anos de trabalho no mercado financeiro à descoberta de sua paixão no cinema; da desilusão de ver como as mulheres são tratadas como objeto pela indústria à proatividade de estudar "durante anos", sozinha, para escrever um roteiro com um papel decente para si.
Em 2011, Brit Marling seria recompensada ao emplacar dois filmes em Sundance: A Seita Misteriosa e A Outra Terra, ambos por ela coescritos e estrelados. Em 2014, Brit Marling teria o profundo desprazer de conhecer Harvey Weinstein.
Apesar de encontrá-lo em uma posição totalmente diferente de quando fazia testes de elenco para papéis descritos como "Gatinha de Biquini 2" e "Loira 4", Marling diz que também sentiu que aquela oportunidade podia mudar sua vida para sempre, e para melhor.
"Eu também fui convidada para encontrá-lo no bar de um hotel", ela conta, para dizer que também conheceu uma jovem assistente, que também foi notificada que o encontro tinha sido transferido para a suíte de Harvey, que também ficou receosa, e que também foi acalmada pela presença de outra mulher com idade semelhante.
Marling também sentiu terror quando a assistente deixou o quarto e acabou sozinha com Harvey. "Eu também fui perguntada se queria massagem, champanhe, morango. Eu também sentem em uma cadeira paralizada pelo medo crescente quando ele sugeriu que tomássemos banho", ela conta, completando: "O que eu podia fazer? Como não ofender esse homem, um abridor de portas, que poderia me massagear ou me destruir?"
Diante disso tudo, e convencida de que o encontro tinha como único objetivo "o sexo ou alguma versão de troca erótica", Brit se recompôs, controlando "os nervos, as mãos tremidas, a perda de voz", e teve forças de deixar o quarto. Então, chorou.
"Eu chorei porque peguei o elevador quando sabia o que ia acontecer. Eu chorei porque eu o deixei tocar nos meus ombros. Eu chorei porque, em outros momentos da minha vida, em outras circunstâncias, eu não teria sido capaz de ir embora", conta Marling, se culpando injustamente, consigo mesma, numa prova contundente de seu drama.
Brit Marling termina endossando a importância desse momento para que não apenas Hollywood se torne mais igual, como todos os Estados Unidos, como todo o mundo. Enfim, comenta um assunto crítico, lembrando um trauma pessoal, com uma bela mensagem de união.