Jeremy Renner, indicado ao Oscar pela terceira vez? Talvez. O ator, já nomeado por Guerra ao Terror e Atração Perigosa, tem sido inserido na lista de postulantes à cobiçada estatueta dourada graças ao seu desempenho em Terra Selvagem, que chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 2 de novembro.
O AdoroCinema pôde entrevistar o atual Gavião Arqueiro em pleno Festival de Cannes, onde o longa-metragem faturou o prêmio de melhor direção na mostra Un Certain Regard. No bate-papo, o ator revelou as dificuldades ao enfrentar a neve durante as filmagens e o quão difícil foi para o diretor Taylor Sheridan convencê-lo a estrelar o longa-metragem - o que fez também com que perdesse uma cerveja. Confira!
O FILME OU A CERVEJA
Por mais que tenha dois roteiros bastante elogiados no currículo, Sicario e A Qualquer Custo, não foi nem um pouco fácil para o agora diretor Taylor Sheridan convencer Jeremy Renner a estrelar Terra Selvagem. Ao ponto de fazer uma proposta inusitada.
"Taylor me ligou e pediu para ler, ao menos, as dez primeiras páginas. Se não gostasse, ele disse que compraria a melhor cerveja e nós simplesmente sentaríamos e beberíamos a garrafa até o final, conversando sobre qualquer outra coisa", revelou o ator. "A atitude dele em lidar com isso foi ótima e eu decidi ler o roteiro logo. Demoro muito para ler um roteiro porque tento ler pela perspectiva do público, do produtor, do cineasta e do meu personagem. Tenho que realmente entender o filme antes de aceitar qualquer coisa. Levei duas horas e meia para ler, e percebi que tinha que fazer o filme."
DIRETOR DE PRIMEIRA VIAGEM
Mesmo convencido pelo roteiro, Renner ainda tinha dúvidas sobre o filme pelo fato de ser a primeira experiência de Taylor Sheridan na direção. "Queria fazer o filme porque já lidei com alguns dos temas apresentados, mas trabalhar com um diretor de primeira viagem é sempre uma aposta. Não importa se ele é um ótimo roteirista - e ele é! Como diretor, você precisa contar a história com a câmera. Então, sentei em casa e comecei a pensar se gostava do roteiro o suficiente para filmá-lo com um diretor iniciante. Claro que não. Decidi não fazer o filme."
"Então, ele aparece para me visitar e começamos a conversar sobre o filme. Em cinco minutos, depois de algumas perguntas, decidi que faria teste para qualquer filme dirigido por ele, mesmo se fosse baseado em uma lista telefônica. Aí descobri que ele veio dirigindo da casa dele, em Utah, até a minha casa, em Los Angeles. Achei que ele morava a uns 10 minutos de distância, mas ele dirigiu 15 horas para vir falar comigo! Só descobri isso depois que aceitei o papel."
CAUBÓI SEM CONCESSÕES
Após enfim ser convencido a atuar em Terra Selvagem, Jeremy Renner pôde conhecer de perto o trabalho de Taylor Sheridan como diretor, e se derramou em elogios. "Taylor é uma voz muito forte, que não faz concessões. É por isso que gosto tanto dele. Goste ou não, a visão dele é autêntica e direta. Ele é muito sagaz, um homem muito dinâmico. As aparências enganam: ele parece ser só um caubói, mas é muito mais que isso."
ÍNDIOS ASSASSINADOS
Tema central de Terra Selvagem, o assassinato de índios era desde o início o principal foco do diretor/roteirista ao rodar o longa-metragem. "Ele escreveu o roteiro sem as agências de investigação, mas precisava colocar algo que pudesse ser seguido pelo público. Ele não queria que o espectador apenas observasse esses personagens nessa terra desolada. Por isso, criou esse dispositivo de investigação contra o tempo para descobrir quem cometeu o assassinato. O foco sempre esteve nas pessoas e naquele território, mas para atingir um público maior, colocou esse dispositivo."
"O assassinato de índios acontece desde sempre. Isso tem feito barulho na imprensa recentemente, mas acontece desde sempre. Isso é relevante, é bom falar sobre isso, mas nós estamos tentando contar a nossa história", ressaltou o ator.
GRAVAR NA NEVE
Uma das maiores dificuldades de Terra Selvagem foi gravar a maioria das cenas em meio a muita neve em volta. "Só é um sacrifício, em qualquer cenário, se isso atrapalha a narrativa. Do contrário, utilizo esses elementos naturais para me ajudar", afirmou o ator.
"Se eu tivesse que rolar em uma neve falsa, isso não me ajudaria. Mas estar na natureza, onde é frio, é melhor. Que seja frio, que nós tehamos que usar casacos pesados! Tudo isso informa sobre a autenticidade do trabalho [..] A paisagem é tanto um personagem quanto os que eu e Elizabeth [Olsen] interpretamos. Acho que é uma benção!"