Não é um segredo que antes de J.J. Abrams finalmente ser contratado para assumir a direção de Star Wars - O Despertar da Força, a Lucasfilm desejava contar com um cineasta de maior porte. Um dos sondados pela companhia foi o realizador David Fincher (Garota Exemplar), que, recentemente, falou um pouco mais sobres os motivos que o levaram a recusar o convite da produtora e manda-chuva Kathleen Kennedy:
"Eu me reuni com ela para falar sobre o filme, sobre o visual, e era uma tarefa pesada [...] Eu acho que para fazer um filme desse tamanho, você realmente precisa limpar sua mente. Você realmente precisa ter certeza que você quer fazer isso porque, de uma forma ou de outra, serão dois anos de trabalho na sua vida, trabalhando 14 horas por dia e sete dias por semana", afirmou o diretor, em entrevista ao podcast da revista Empire (via ScreenRant).
É, ao que tudo indica, até mesmo cineastas consagrados e conceituados também sofrem com a pressão. De fato, a responsabilidade de dirigir um filme da saga Star Wars é uma complexidade e tanto. Além do fato de que as novas sequências estão lidando com um universo consolidado há muitos anos no mundo do cinema e que possui um vasto número de fãs, outra questão que pode gerar preocupação em artistas como Fincher é o tamanho do poder dos produtores da franquia Guerra nas Estrelas.
Os casos de demissão da dupla Phil Lord e Chris Miller da direção de Solo e de Colin Trevorrow do comando de Star Wars: Episódio IX - eles foram substituídos por Ron Howard e por Abrams, respectivamente - demonstram que é Kennedy quem toma todas as decisões no estúdio, desde a área logística à seara criativa e narrativa de todas as produções. Assim, além da pressão constante exercida pelo público e pela crítica, Fincher, acostumado a ter total controle sobre suas obras, teria encontrado um ambiente de trabalho cuja mentalidade de funcionamento não é compatível aos seus métodos.
De qualquer forma, a recusa de Ficher foi uma perda para a sétima arte. Talentoso e conhecido por estudar profundamente os lados mais sombrios dos seres humanos, o diretor certamente teria feito um trabalho excepcional em O Despertar da Força. Segundo o próprio realizador, para ele, a franquia narra a história de dois escravos - os droides C-3PO e R2-D2 - que testemunham a loucura de seus mestres quando são vendidos de proprietário a proprietário. Interessante, não é mesmo?
Bem, para os fãs do trabalho do responsável por filmes como Se7en e A Rede Social, é possível conferir sua nova empreitada na Netflix: o suspense seriado MINDHUNTER - leia aqui a crítica do AdoroCinema - já está disponível no catálogo da companhia de streaming. Para aqueles que preferem, por sua vez, viajar para a galáxia tão, tão distante, basta esperar - e lutar contra a ansiedade - até o dia 14 de dezembro, quando Star Wars: Os Últimos Jedi chega aos cinemas brasileiros.