O documentário O Milagre de Chapecó, produzido e dirigido pelo uruguaio Luis Ara Hermida, teve seu lançamento barrado pela justiça de Santa Catarina após uma ação da própria Chapecoense, apoiadora do longa sobre a história do time. Segundo o R7, a decisão de rescisão contratual do clube de futebol aconteceu após pressão das famílias das vítimas.
No dia 12 de outubro, uma viúva da tragédia acontecida no dia 28 de novembro de 2016 foi ao cinema e assistiu na telona o trailer de O MIlagre da Chapecó. Ela contou o ocorrido à Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (AFAV-C), que não sabia da produção do longa e muito menos do apoio que a Chapecoense oferecia ao documentário. Pressionado, o clube decidiu romper o contrato com a produtora Trailer Ltda. alegando "descumprimento do objeto do referido documentário", pois o trailer do filme teria sido divulgado sem a prévia aprovação da Chapecoense.
As filmagens começaram em março e foram finalizadas no início de outubro, segundo Hermida. O diretor afirma que recebeu o apoio da Chapecoense, inclusive, usou o espaço do clube para fazer filmagens. A dúvida que ronda a história é se o time contratou a realização do longa desde o início ou se embarcou na produção no meio do seu desenvolvimento, oferecendo certo tipo de autorização sobre o tema do filme.
Em pronunciamento, o diretor Hermida disse: "Eu procuro filmar tocantes que passem mensagens edificantes. Quis mostrar o renascimento do clube. Me foquei na Chapecoense, que virou um clube conhecido no mundo todo pelo acidente. Posso até destinar uma parte do que o documentário arrecadar para as associações das famílias das vítimas. Eu não pensei no dinheiro. Até porque documentário não dá dinheiro [...]".
Em resposta, Fabienne Belle, presidente da AFAV-C, afirmou: "Só que não é uma questão de dinheiro. É uma questão moral. Nossos maridos foram expostos sem o nosso consentimento. A Chapecoense não tinha o direito de autorizar documentário algum sobre a tragédia, sem consultar as famílias. Sabemos que um acidente dessa magnitude será objeto de filmes, documentários. Mas eles só acontecerão respeitando as famílias das vítimas [...]".
Com o embargo judicial, o lançamento de O Milagre de Chapecó, que estava marcado para o dia 30 de novembro, fica em suspenso. Outro filme sem previsão de estreia envolvendo o clube de futebol é a cinebiografia de Marcos Danilo Padilha, goleiro da Chapecoense que foi um dos sobreviventes do acidente. Intitulada Goleiro, a ficção será dirigida por Thiago di Melo.