Num momento em que várias mulheres de Hollywood estão revelando suas histórias de assédio no meio cinematográfico e televisivo, Reese Witherspoon contou que se sentiu "muito encorajada" para poder falar que sofreu um caso de abuso aos 16 anos.
"[Sinto] verdadeiro desgosto pelo diretor que me assediou quando tinha 16 anos e raiva dos agentes e produtores que me fizeram sentir que o silêncio era uma das condições do meu emprego. Gostaria de poder dizer que é um caso isolado na minha carreira, mas infelizmente não é. Tive múltiplas experiência de assédio e agressão sexual, e não falo muito sobre", revelou Witherspoon durante um evento da revista Elle.
O relato da atriz acontece após o jornal The New York Times e a revista The New Yorker tornarem públicas uma série de denúncias contra o produtor Harvey Weinstein, recém-expulso do Sindicato dos Produtores. Ashley Judd, Rose McGowan, Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow estão entre as muitas personalidades que relataram experiências ruins com Weinstein.
O escândalo trouxe à tona relatos de casos de assédio para além dos que envolviam o diretor. A situação inspirou outras mulheres a falarem abertamente sobre suas histórias, como fizeram Witherspoon e Björk, que revelou ter sido assediada por Lars von Trier.
No Twitter, a atriz Alyssa Milano iniciou a hashtag #MeToo ("Eu também") com a intenção de que fosse compartilhada por todas as mulheres que já sofreram algum tipo de assédio ou agressão sexual. Oferecendo "uma ideia da magnitude do problema", como publicou Milano, a hashtag foi compartilhada mais de 500 mil vezes, incluindo por atrizes como Debra Messing (Will & Grace), Tatiana Maslany (Orphan Black) e Anna Paquin (True Blood).
"Essa foi uma semana difícil para as mulheres de Hollywood, para as mulheres de todo o mundo. [...] Difícil comunicar vários dos sentimentos que tenho tido sobre ansiedade, ser honesta, culpa por não ter falado antes e por não fazer nada. Após ouvir as histórias desses últimos dias e ouvir essas mulheres corajosas falarem [...] sobre coisas que nos foram ditas para ficarem debaixo do tapete [...], me fez querer falar, e falar alto, porque eu realmente me senti menos sozinha esta semana do que em toda a minha carreira. [...] Me sinto muito encorajada, muito mesmo, de que haverá um novo normal. [...] Estou triste de ter que falar sobre esses assuntos, mas seria negligente não falar", completou Witherspoon em seu discurso.
No evento da Elle, a presidente da revista, Kathleen Kennedy, propôs a fundação de uma comissão nas instituições cinematográficas de Hollywood - estúdios, sindicatos, associações e agências de talentos - para mudar a inapropriada cultura de abuso sexual. Jennifer Lawrence mostrou apoio à proposta e Witherspoon sugeriu que as celebridades deveriam questionar a posição e o poder ofertados às mulheres em companhias do ramo, para que mudanças possam ser criadas não só na indústria cinematográfica, mas na sociedade.