O escandaloso caso Harvey Weinstein, exposto na semana passada, poderia ter sido revelado em 2004, segundo afirmou a então repórter do The New York Times, Sharon Waxman. Fundadora e editora do TheWrap, a jornalista afirmou que a reportagem não foi publicada por causa da intervenção de Russell Crowe e Matt Damon, que teriam "matado" o artigo. Para esclarecer a situação, o protagonista da franquia Jason Bourne concedeu entrevista ao Deadline e negou ter qualquer envolvimento com o impedimento da matéria.
"Nós sabemos que estas coisas acontecem no mundo. Fiz cinco ou seis filmes com Harvey e nunca presenciei nada. Muitos atores vieram à público para dizer que todos sabíamos do que acontecia, mas isso não é verdade. Este tipo de abuso acontece por trás de portas fechadas, fora da esfera pública. Se Harvey fez algo assim em um evento no qual eu estava presente, então preciso dizer que sinto muito, porque eu o teria impedido. E manterei meus olhos ainda mais abertos para este tipo de comportamento [...] Só para constar, eu nunca, nunca, nunca impediria uma matéria como essa. Não faço esse tipo de coisa. Por ninguém", declarou Damon.
O ator confirma que conversou com Waxman a pedido de Weinstein em 2004, mas também conta que sua rápida entrevista com a repórter não tinha relação alguma com o nome do antigo presidente da Weistein Co. Demitido no início desta semana da companhia que criou, o magnata de Hollywood queria defender o nome de um colega italiano, que havia trabalhado com Damon em O Talentoso Ripley e que seria criticado por Waxman na reportagem. Por isso, Weinstein pediu para que o astro testemunhasse a favor do produtor italiano. Mesmo tendo feito isso, o ator declarou que desconhecia o resto do conteúdo do artigo à época.
Ao ser questionado se estes últimos dias tinham sido difíceis para ele, Damon não titubeou e defendeu as vítimas, ressaltando a importância de suas denúncias: "Estes seriam dias difíceis mesmo se meu nome não tivesse sido relacionado. Eu não sou a história aqui. A história é sobre estas mulheres e sobre o que aconteceu com elas [...] Existem vítimas de verdade aqui e elas estão sendo incrivelmente corajosas. Espero que ao passar por esta experiência, elas possam se curar. É nelas em que devemos pensar".
Ainda que Weinstein tenha sido protegido por Lindsay Lohan e pela estilista Donna Karan, o produtor não encontrou mais apoio algum na indústria. Acusado de assédio e estupro por atrizes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Rose McGowan e ferrenhamente criticado por nomes como Meryl Streep, Brie Larson e Cate Blanchett, Weinstein perdeu a esposa, a advogada e tornou-se símbolo do lado mais sórdido de Hollywood.