Após os jornais The New York Times e a revista The New Yorker relatarem dezenas de acusações de assédios e estupros cometidos por Harvey Weinstein, a derrocada do então todo-poderoso produtor de Hollywood inspirou diversas mulheres a falarem abertamente sobre a postura predatória do executivo.
Em entrevista para o NYT, Angelina Jolie relatou ter sido assediada por Weinstein na ocasião da première de Corações Apaixonados (1998). A atriz e cineasta conta que o produtor se aproximou dela de uma maneira indesejada no quarto de hotel, com investidas inadequadas. "Eu tive uma experiência ruim com Harvey Weinstein na minha juventude e, como resultado, escolhi nunca mais trabalhar com ele de novo e avisar outras pessoas que viessem a fazê-lo", contou Jolie, via e-mail. "Este comportamento contra mulheres é inaceitável em qualquer campo e em qualquer país."
Gwyneth Paltrow contou ao jornal americano que Weinstein a convidou para uma reunião profissional em seu quarto de hotel e que o evento terminou com o produtor passando a mão nela e sugerindo que ela fizesse uma massagem nele. O ano era 1994 ou 1995, e a atriz, então com 22 anos de idade, havia sido contratada pelo executivo para atuar em Emma (1996), uma adaptação da obra de Jane Austen.
"Eu era uma criança, era contratada, e fiquei paralisada", disse Paltrow sobre a experiência traumática que viveu. A atriz confidenciou o incidente com seu namorado na época, o ator Brad Pitt, que foi tirar satisfações com o produtor durante a pré-estreia de um filme. Na ocasião, o ator confrontou o produtor e disse que ele jamais deveria tocar em Paltrow. Pitt confirmou a informação à repórter do NYT. Depois disso, Paltrow foi ameaçada pelo então manda-chuva da Miramax, que pediu silêncio sobre o ocorrido. "Eu pensei que ele ia me demitir. Ele gritava comigo por muito tempo. Foi brutal."
Anos depois, Paltrow trabalhou com Weinstein novamente em Shakespeare Apaixonado. Por seu trabalho no romance de época, a britânica superou a brasileira Fernanda Montenegro e venceu o Oscar de melhor atriz em 1998. Paltrow contou que teve de tentar esquecer que o assédio ocorreu ao longo dos anos, posar ao lado do produtor em fotos e elogiá-lo por não saber como processar o incidente. "Agora, estamos em uma época em que as mulheres precisam mandar uma mensagem clara que isso acabou. Essa maneira de tratar as mulheres acaba agora."
A também da voz a outras mulheres que acusam Weinstein de má conduta sexual. Rosanna Arquette disse que Weinstein a convidou para seu quarto de hotel puxou sua mão e a forçou a tocar seu corpo no início dos anos 1990. Em 1993, Katherine Kendall acreditava estar perto de um papel em um filme produzido pela Miramax quando Weinstein a convidou para ir à sua casa e apareceu nu para ela. "Ele literalmente me perseguiu", contou. A atriz francesa Judith Godrèche afirmou que o produtor pediu que ela lhe fizesse uma massagem. Quando ela negou, Weinstein a empurrou contra a parede. Em 2003, Dawn Dunning, que buscava uma carreira em Hollywood, recebeu uma investida sexual do produtor e o rejeitou. "Você nunca vai dar certo nessa indústria. É assim que as coisas funcionam", teria dito ele, em represália. Em 1984, a aspirante a atriz Tomi-Ann Roberts alegou que o produtor disse que ela deveria ficar nua para fazer um teste para um papel.